2006-04-22

A estratégia nefasta

Alguns foram inocentes úteis. Outros sabiam o que estavam fazendo. A maior parte, no entanto acreditou em uma moralidade estranha, bem brasileira. Eu disse aqui o que achava a respeito, mas não custa explicar de uma maneira mais simples, para que todos possam entender como viemos parar nesta situação.

As cartilha básica para chegar ao fundo do poço é esta:

  1. Empresários honestos devem ser trucidados. São a causa de todos os problemas do país. Vamos chamá-los de "elite" e re-definir a palavra para que tenha conotação negativa. Todos os problemas que não puderem ser atribuídos aos empresários serão atribuídos aos estrangeiros, fortemente vinculados à "elite".
  2. Vamos tomar as universidades com gente de segunda que chamaremos de "intelectuais de esquerda" e massacrar tudo o que se oponha à propaganda imbecilizante que estes vão dispersar.
  3. Vamos re-escrever os livros didáticos e infantis e colocar Lula e Zé Dirceu como heróis fundadores da democracia no país.
  4. O Brasil é um país especial, abençoado por deus. Por isso, não será necessário fazer esforço para vencer. Basta ser pilantra. Colar bastante na escola e faculdade garante um futuro brilhante. Ensino de qualidade deve ser combatido, pois é contrário à revolução.
  5. Sabotar todos os esforços para que a Justiça funcione. Ela só vai atrapalhar o esforço revolucionário.
  6. Sabotar toda e qualquer privatização. Ainda bem que pelo menos os telefones funcionam no Brasil, graças ao fato do PT não ter conseguido sabotar a privatização das teles. Quando forem eliminados os empresários, todos os empregos serão estatais.
  7. Usar dinheiro do Estado para financiar piquetes e ataques dirigidos aos inimigos políticos ou empresários. A baixaria afugenta as "elites". Aliás quanto mais forem embora, melhor. Não queremos um grupo de oposição organizado, queremos?
  8. Fazer com que as regras sejam tão complicadas de modo a forçar todo mundo a ser fora-da-lei. Isso vai ajudar quando tivermos o poder e quebrarmos as leis. Vamos poder dizer que todo mundo faz igual.
  9. Usar dinheiro do Estado para financiar os nossos amigos e montar um estado paralelo de Sem-terra e Sem-teto, com cursos especiais, caso venhamos a precisar de guerrilheiros para garantir o poder no futuro.
  10. Minar as estatais e a administração pública com pessoas de nossa confiança para ajudar a destruir todas as instituições hostis à nossa causa.
  11. Re-definir a educação: mais educado é ruim. Identifica-se com a "elite". Bastardo é bom, baixaria é bom e analfabeto é super-demais. Temos que passar esses conceitos com entusiasmo. Não queremos que ninguém seja capaz de ler mais de uma página por dia. Isso tornaria as pessoas demasiado críticas, e poderiam vir a perceber nossos planos reais. Os analfabetos vão se sentir valorizados, e sua arrogância vai nos ajudar na causa nobre.
  12. Direcionar toda a comunicação aos analfabetos e ignorantes. Marketing para classes que tiverem algum senso crítico está fadado ao fracasso mesmo. De qualquer modo a tiragem de jornais e revistas no Brasil é tão pequena comparada com a massa de ignorantes que não faz a menor diferença se falarem mal da gente mesmo.
  13. Comprar a Globo.
Por mais que eu tente ver pura incompetência nesse governo, não consigo tirar da cabeça que o que está acontecendo está simplesmente mencionado nos itens acima. Isso não é incompetência: é marketing e estratégia de primeira qualidade. Enojar as pessoas de bem a ponto de paralisá-las. Se o objetivo é tomar o poder no Brasil, já estão quase lá. A estratégia é nefasta e inescrupulosa demais. Ninguém parece perceber. Ninguém quer perceber.


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Veja também este vídeo:






4 comentários:

Anônimo disse...

Não Zappi, acho que todo mundo percebe. Só que quando esse pessoal é derrotado nas urnas, a turma que entra continua com a sua versão de marketing. Se o marketing for bom, fica mais tempo, se não for, já caem na próxima eleição. E assim vai indo. O curioso é que os que mais reclamam são os que pior fazem. São os que menos noção de cidadania possuem.

Anônimo disse...

Este Projeto Brasil tão bem descrito em sua essência em seu texto não é o privilégio único de um partido populista, ignorante e nefasto, mas sim de um processo histórico inequívoco que nos provoca diariamente a indignação, a revolta, perplexidade e o descrédito em uma nação que não se concretiza, que permanece de forma eterna em seu potencial tantas vezes aclamado. Viver neste país é extremamente cansativo. Desanimador. Um estado de coisas, que apesar do esforço individual de pessoas do bem, é derrotado diariamente pela corrupção, mal maior, arraigado culturalmente em todas as áreas e níveis. A falta de perspectiva, mesmo para as gerações futuras, nos remete a alternativas além de nossas fronteiras, não mais fáceis, mas centradas em desenvolvimento, evolução. Estou indignado. Vencido. Estou puto !

Anônimo disse...

Para reflexão:

"Jamais o Brasil assistiu a tamanho descalabro de um governo. Quem se der ao trabalho de esmiuçar a história do país constatará que nada semelhante havia ocorrido até a gestão do atual ocupante do Palácio do Planalto. Há, desde o tempo do Brasil colônia, um sem número de episódios graves de corrupção e de incompetência. Mas o nível alcançado pelo
governo Lula é insuperável.Não se trata de um ou de alguns focos de corrupção. Vai muito além.
Exibe notável desprezo pelas liberdades e pela democracia. Manipula a máquina administrativa a seu bel-prazer, de modo a colocar o Estado a favor de sua inesgotável sanha de poder. Um exemplo mais recente é a ação grotesca contra um simples caseiro, transformado em investigado por dizer a verdade depois de ser submetido a uma ação de provocar náuseas em qualquer stalinista.
Não se investiga o ministro Palocci, acusado de freqüentar um bunker destinado a operar negócios escusos em Brasília e de ter mentido a respeito ao Congresso. Tenta-se, a qualquer preço, desqualificar a testemunha para encobrir o óbvio. E o desespero da empreitada conduziu a uma canhestra operação que agora o governo pretende encobrir, inclusive intimidando o caseiro.
Do presidente da República, sob a escusa pueril de dever muito a Palocci (talvez pela conquista do troféu dos juros mais altos do mundo e pelo crescimento ridículo do PIB), só se ouve a defesa pífia dos que não conseguem dissimular a culpa. A única providência das autoridades federais foi um simulacro de investigação, com a cumplicidade da Caixa Econômica Federal. Todos os limites foram ultrapassados; não há como o Congresso postergar um processo de impeachment contra Lula. Ou melhor, a favor do Brasil.
O argumento para não afastar Lula, de que sua gestão vive os últimos meses, é um auto-engano! A proximidade das eleições faz com que o governo use e abuse ainda mais do poder. Desde o início, este governo é envolvido na compra de consciências, na lubrificação da alma de órgãos de comunicação por meio de gigantescas verbas publicitárias e de perseguir os que lhe negam aplauso.
Outro argumento usado para não afastar Luiz Inácio Lula da Silva é a sua biografia, a saga do trabalhador, do sindicalista que chegou a presidente.
Ora, aquele metalúrgico já não existe há muito tempo. Sua legenda enferrujou. Foi tragado por sua verdadeira figura, submetido a uma metamorfose às avessas.
As razões legais para o processo de impeachment gritam no artigo 85 da Constituição, que versa sobre os crimes de responsabilidade do presidente.
Basta ler os seguintes motivos constantes da Carta Magna para que o Congresso promova o processo de impeachment de Lula: atentar contra o livre exercício do Poder Legislativo, contra o livre exercício dos direitos individuais ou contra a probidade da administração. Seguem alguns exemplos ilustrativos.
No "mensalão", fato que Lula tentou transformar em um pecadilho cultural da política brasileira, reside um grave atentado contra o livre funcionamento do Congresso Nacional. A compra de consciências não só interferiu na vida do Poder Legislativo como também demonstrou a disposição petista de romper a barreira entre a democracia e o autoritarismo, utilizando a máxima de
que os fins justificam os meios.
Jamais as instituições bancárias estatais foram tão agredidas. O Banco do Brasil teve seu dinheiro colocado a serviço de interesse escusos; a Caixa Econômica Federal também, demonstrando que o sigilo bancário de seus depositantes foi posto à mercê da pilantragem política.
No escândalo dos Correios, mais que corrupção, foi posto a nu, além do assalto aos cofres públicos, um cuidadosamente urdido esquema de satrapias destinado a alimentar as necessidades pecuniárias de participantes da mesma viagem. Como costuma acontecer nesses casos, o escândalo veio à tona na divisão do botim.
Causa perplexidade, também, a maneira cínica com que o governo tenta se defender, usando todos os truques jurídicos para criar uma carapaça que evite investigações de suspeitas gravíssimas em torno do presidente do Sebrae, o generoso Paulo Okamotto, pródigo em cobrir gastos do amigo Lula sem que ele saiba. Aliás, ele nunca sabe de nada...
Lula passará à história, além de tudo, como alguém que procurou amordaçar a imprensa com a tentativa da criação de um orwelliano "conselho" nacional de jornalismo e com uma legislação para o audiovisual, que tentou calar o Ministério Público pela Lei da Mordaça e que protagonizou uma pueril tentativa de expulsar do país um correspondente estrangeiro que lhe havia
agredido a honra.
Neste momento grave, o Congresso Nacional não pode abdicar de suas responsabilidades, sob o perigo de passar à história como cúmplice do comprometimento irreversível do futuro do país. As determinantes legais invocadas para o processo de impeachment encontram, todas elas, respaldo nos fatos.
Mas, infelizmente, na Constituição brasileira falta uma razão que bem melhor poderia resumir o que estamos assistindo: Lula seria o primeiro presidente a sofrer impeachment não apenas pela prática de crimes de responsabilidade mas também pelo ímpar conjunto de sua obra."

Boris Casoy, 65, é jornalista. Foi editor-responsável da Folha de 1974 a 76 e de 1977 a 84. Na televisão, foi âncora do TJ Brasil (SBT) e do Jornal da Record (Rede Record).

Anônimo disse...

Importante frisar tb que no plano delles está o sucateamento material e moral de nossas FFAAs, única instituição preparada para defender a Pátria em momentos como esse.
A lavagem cerebral contra as FFAAs foi tão bem feita, que a idéia de chamar nossos militares à ação nem passa pela cabeça dos bem pensantes brasileiros.
Leiam o excelente livro do Cel. Ustra "Verdade Sufocada" e verão que estamos diante da revanhe dos terroristas de 60/70. Dirceu, Dilma, Genoino, e tantos outros que continuam a mandar no governo mesmo tendo sido retirados estrategicamente da oficialidade.
Pelo amor de Deus, senhores militares, salvem nosso Brasil. Pela segunda vez em meio século!