2006-05-21

Ao Loiro de Angola

Quando estavas à toa na vida não te repreendi. E foi por que cantavas coisas de amor. Quando disseste para deixar a menina sambar em paz, compreendi. Direito de opção. Notaste que a coisa aqui estava preta e só pude concordar. Quanta visão!

Estranho foi quando chamaste o ladrão...

Mas a escura viatura rimava com ditadura. Dei-te razão. Afinal, alguém inventou um Estado sem perdão. Tiveste coragem, por que não?

Mas o malandro, o que tem de mais? Preferes o de navalha ou o regular, o cadáver indigente ou a rainha dos detentos?

Verdade que vi sensibilidade quando pensaste em tua gente. Mas sentiste ou viste de cima, impunemente? Como a moça distraída, sem saber o que ocorria, e dormia transparente? Poesia tiveste, mas agora, falando sério...

Pensei que eras sincero, qual o quê. Já não te conheço mais. Queres fazer um silêncio doente? Qual o quê. Preferias não falar? Choras de rir por me trair?

Será que agora que nasceu teu rebento, traz sempre um presente pra te encabular?
Não entendes essa gente, fazendo alvoroço demais? Parece que teu guri continua rindo, rindo...

Estou desempregado, estás mais velho. Tua memória é fogo! Eras predestinado a estar errado assim? Não pra cima de mim!

Acreditas que é outro país. Parece que decoras o teu papel. E não andas com os pés no chão. Se um dia despencares do céu... não te preocupes, não exijo bis.

Não beberei dessa bebida amarga. Tanta mentira, tanta força bruta. Não queria que fosses filho da outra. Preferia ouvir teu grito. Medonho.


4 comentários:

Anônimo disse...

A notícia carece de exatidão: ninguém volta ao que acabou.

Anônimo disse...

É, errei... Minha dor não sai no jornal.

Anônimo disse...

Muito bom, Zappi!
Mas eu prefiro pensar que, apesar de tudo, amanhã vai ser outro dia...

Zappi disse...

É mas daí a dizer que a casa é sempre sua...