2007-10-23

Fuga de cérebros

Eu tinha a impressão geral de que mais gente estava indo embora do Brasil, mas não tinha como provar.

Uma visita ao site do IBGE foi infrutífera - nada de dados. Pensei então em avaliar a emigração do Brasil consultando as bases de dados de países para onde os brasileiros emigrariam. Consultei Australia e Estados Unidos, que aparentemente são uma mostra representativa da tendência geral.

Os resultados são estarrecedores. Em '99, somente 3.900 brasileiros emigraram legalmente para os Estados Unidos. Em 2006, esse número subiu para 18.000! Quase 5 vezes mais! Notem que estes são os "legais", gente que tem instrução e dinheiro e que optou por não deixar que os filhos cresçam no Brasil, gente que optou por não pagar impostos em um país que não os respeita. Cliquem na figura para vê-la ampliada. Não há dúvida, o Lula está gerando um êxodo sem precedentes.

Tenho certeza de que esses números vão aumentar. Eu não encontrei as estatísticas dos países europeus - Itália, Espanha e Portugal - mas acho que a tendência geral é similar. O resultado será visível em alguns anos pois estes que saem são justamente os que fazem, com suas habilidades e conhecimento, a economia crescer. Nos livros de história futura este movimento será conhecido como a grande fuga dos cérebros, a reação previsível a um governo cuja característica mais notável é a recompensa generosa a todos os tipos de ignorância.

8 comentários:

Anônimo disse...

Caro Paulo Zappi,

Essas estatísticas contundentes apenas confirmam o crescente número de brasileiros de boa escolaridade que estão decidindo sair do Brasil definitivamente (como fez você ao mudar de São Paulo aí para Melbourne).

Acabei de voltar de visita a Boston para onde meu filho (e família: esposa e meus dois netos) foi transferido há dois anos pela multinacional para a qual trabalha. Ele me disse claramente que fará todo o possível para não voltar para o Brasil – país do qual (com exceção da saudade da família e amigos) deixou de sentir qualquer ligação ou apego.

Se as estatísticas mostrassem também os emigrantes ilegais, a triste constatação desse crescente desapego seria ainda muito maior.

Abraços

Claudio Janowitzer
Rio de Janeiro - RJ

Anônimo disse...

Caro Zappi, se os numeros oficiais de emgração cresceram tanto, dá para imaginar os "numeros reais", aqueles que incluem os chamados ilegais e clandestinos.
Quem conhece um pouquinho só dos USA sabe ou pode calcular o quanto tem de brasileiro por lá e que não perde uma chance de afirmar que "voltar, só se for amarrado, deportado ou morto".

Prometeu, o filho da Chama Celeste disse...

o blog www.blogdemocrata.com.br fez nota muito boa sobre o seu blog reproduzindo este post da emigração. Parabéns pelo seu trabalho!. Li o post lá e acessei o seu blog hoje. Gostei, vou voltar mais vezes. Você tem razão, e sabe das coisas. Todos os governos obtusos de esquerda dividem seus países. Cuba tem mais da metade dos cubanos vivendo em Maimi e a Venezuela já registra um dos maiores êxodos da America Latina. Certamente nós estamos neste rumo triste e sem volta.

Bira disse...

Voce tem uma vaga para mim?

Anônimo disse...

Prezado Zappi: vi seu dados no Tambosi. Lá você mostra uma série histórica maior. Estou buscando os dados dos anos 60 para cá. Nos sites referenciados só consta desde 2000. Poderia me ajudar com a fonte daqueles dados? Postei uma nota lá no Tambosi, mas aparentemente vc não leu. Meu e-mail: molleri@uol.com.br, blog www.pracadarmas.zip.net

Zappi disse...

Olá, Molleri

A série histórica mais longa encontra-se aqui. Está por "country of last residence" em lugar de "country of birth" mas acaba dando no mesmo.
Os números antigos estão agrupados por décadas.

Anônimo disse...

Obrigado.

Anônimo disse...

Muito bom o post,parabéns.
Infelizmente, algumas pessoinhas nesse 'grotão' acham que quem vai embora, legalmente ou não, estão só indo pra subempregos,o que não fazem no Brasil, fazem no exterior pra ganhar a vida.
Discordo delas.No Brasil com pouca grana é fácil ser madama que se dedica a literatura por falta de coisa mais útil a si e ao progresso da nação.Lá fora teria que rebolar muito mais pra ser madama, vai daí que espinafra com quem sai e vai pegar no batente fora, EUA, Irlanda, Inglaterra, Canadá, Itália e até aquela coisa deslocada no tempo e no espaço chamada Portugal.
Só voltei de Londres porque fui obrigada, razões de ordem afetiva, família. De resto,nunca senti falta de nada.Nem feijão, nem carnaval, nem praia, nem leite condensado.
Sou das que acham mais digno entregar pizzas,jornais,ser faxineira(quem tivesse vinte anos a menos, aff como dá dinheiro!)em lugares onde mesmo sendo trabalhos que ninguém quer, ainda assim, são dignos e ÚTEIS,custeiam uma vida digna,embalam sonhos de vencer com esforço e trabalho, que não achei tão duro assim, pois nunca vi ninguém reclamando; não gostavam, largavam por outro.Se tiverem a proteção da legalidade, melhor, mas mesmo ilegalmente vale a pena. Minha pátria é onde vivo bem, onde sei que sendo honesta, reta, tenho o respeito do estado, coisa que no Brasil, nem sendo doutor...
Lamento por essas pessoinhas mesquinhas,acho que como fracassaram no exterior, nas tentativa de , talvez, serem mais do que simples cidadãos, serem celebridades , porém sem cacife pra isso,ficam espezinhando e debochando de quem sai/saiu.Mesmo trocando uma vida aqui de Zona Sul, de Morumbi, por uma vida 'comum' fora do grotão.
Seja feliz, muito feliz, e não volte.O Brasil merece dois tipos de habitantes: os que não prestam pra nada, só pra criar favelas, e os que querem viver longe delas mesmo quando estão lado a lado, porque a proximidade da miséria faz sua pretensa diferença parecer maior, superior, uma casta.