2006-02-17

A Lei de Gerson explicada

Na verdade a "Lei de Gérson" é uma supersimplificação. É uma consequência de um outro fenômeno: o brasileiro (sem generalizar, por favor) não sabe somar.

Acho que é mais fácil colocar a coisa com exemplos. Digamos que tem um cara que não sabe escrever direito. Em vez de ir fazer um esforço e aprender de uma vez, que é óbviamente a melhor forma de resolver o problema, ele toma uma outra atitude. Trata imediatamente de convencer a maior quantidade possível de pessoas que é "legal" escrever do jeito que ele escreve. E funciona: os outros começam a escrever do jeito mais "legal" e tem que fazer menos esforço, claro. Tratando de baixar o nível à sua volta, o fulaninho resolveu o problema dele, sem perder nada. Na verdade ele até ganhou um pouco pois poupou esforço e agora ele é "legal" também. Entretanto a soma, o total do conhecimento decresceu. Ele destruiu conhecimento.

A subversão de conceitos é exemplificada pelos heróis nacionais. Tem um que roubava carros e acha até hoje que fazia bem. Fez um verdadeiro hino à malandragem. Não se arrepende de nada. E reduziu a soma da decência, fazendo as pessoas acreditarem que ser malandro é que é bom.

Vamos a outro exemplo, bem brasileiro. Um sujeito vai contratar um funcionário. Em lugar de procurar um bom funcionário, que vá acrescentar valor à sua firma, ele faz de tudo para encontrar o cara mais barato e pagar o mínimo possível. Naturalmente, assim ele acaba premiando os mais incompetentes, que são os únicos que aceitariam tal posição por tal preço. Destruiu-se riqueza novamente, pois a firma perdeu. O dono acha que ganhou, pois tirou do funcionário a diferença do que ele deveria ter pago e o que efetivamente pagou. Mas a soma é menor.

Um outro exemplo: um funcionário tem duas opções: fazer greve ou trabalhar. Se ele tiver razoável certeza que seu ponto não será cortado, ele fatalmente decidirá pela greve. Novamente, destruiu-se valor. De onde ele acha que o seu pagamento mensal vem? Ele sempre acha que para ele ganhar alguma coisa, tem que tirar de alguém. Não entende que o que ele faz reverte para ele mesmo. É um conceito demasiado sofisticado. Não percebe que se o lucro for maior, ele tem melhores condições de negociar. A soma foi para as cucuias.

O governo brasileiro funciona usando a mesma lógica. A soma é o que menos interessa para eles. Em vez de tomar ações para a melhora da economia, eles aumentam os impostos. Isso, todo mundo sabe, deprime a economia. A soma é menor.

Ainda em economia, colocam um banqueiro para comandar os rumos. Juros lá no céu. Banco tirou das pessoas e a soma diminuiu.

Como, na cabeça brasileira, não há maneira de criar valor, o valor tem que trocar de mãos. MST é um exemplo. Tira de um, dá para o outro. Na transação a soma diminui novamente.

Criar valor, que só ocorre com avanços tecnológicos e de produtividade decorrentes, depende de honesta utilização de capital humano e intelectual. Qualquer economista de segunda classe sabe disso. Entretanto, o exemplo máximo da nação, a besta Lulal é um exemplo fantástico de alguém que não sabe somar. Ele até faz troça regularmente de quem estudou.

Com as cotas para as universidades, o governo resolve um probleminha: não precisa gastar nada com ensino básico. Tirou-se daqui, pos-se lá: a soma do conhecimento diminui novamente.

É ainda pior: o brasileiro, em sua eterna luta contra o preconceito racial, está quase redefinindo a ignorância como raça. Por este motivo, em breve veremos que será crime inafiançável não contratar alguém porque é ignorante. O ignorante poderá andar de cabeça erguida, terá o privilégio da discriminação positiva sem mais incentivo algum para estudar. A soma continuará a diminuir. O ignorante tem é que sentir vergonha para ter algum estímulo a estudar.

Depois ainda as pessoas se perguntam porque é que o PIB não cresce.

Vou parar por aqui, mas teria mais uns duzentos exemplos para dar. O negócio é ensinar a somar. Óbviamente, se cada um fizer um pouco, ensinando aos demais como se soma, existe uma pequena esperança de melhora. Em cada detalhe. Em cada pequena interação.

Vejam bem: seguindo o raciocínio geral, eu não deveria me importar, afinal estou em um país que funciona. Sinto entretanto imensa vergonha de que no meu país (Brasil) a maior parte das pessoas não saiba somar.
Segue...

Um comentário:

Anônimo disse...

Salve ! Salve !
Não concordo com nada e com ninguém !

O ser humano é naturalmente mal. É mal desde a sua concepção, feita de forma primitiva e animalesca, onde a troca de fluidos e o atrito de partes humanas em um espetáculo de mal gosto que faria corar o marciano mais verde. Deste trauma, origem de vida e de problemas recorrentes, multiplica-se descontroladamente e de maneira irresponsável a raça humana, ávida por comida, atenção, bens materiais e poder. Até a esperada morte os humanos praticam todo o tipo de barbárie. Por cobiça deseja a mulher de seu vizinho, próximo ou distante. E aí temos conflitos em nome da fidelidade, moral esta que vai de encontro ao instinto de perpetuar a espécie. Por nacionalismo estúpido, poder e enteresses escusos entramos em guerra. Pela derrota de nosso amado time de futebol, matamos nos botecos da vila. Pela supremacia de nossas crenças religiosas pregamos a dizimação das demais. Porque sou preto e você, branco, sou melhor e mais gostoso. Você mulher: concorremos ! Vocês, pobres e miseráveis, são um problema indesejável. Animais, plantas.... a natureza é uma serva eterna e tentamos insistentemente destruí-la de todas as formas: poluindo, extinguindo, alterando.
O Comportamento Humano é único, egoísta, selvagem, destruidor e ruim !

Até o desenvolvimento científico, que tanto cultuamos como agente de progresso, é manipulado e objetiva o bem-estar de poucos.

Como dizem vocês, não podemos generalizar: nem Gérson, nem argentinos, nem brasileiros ou japoneses, judeus, muçulmanos ou cristãos. Algumas honrosas e cada vez mais raras exceções. Por onde andarão?

O problema maior não é a soma, já que nos exemplos apresentados somos comprometidos ao extremo.
Se não temos competência para somar, seja no campo social, econômico, comportamental e natural, poderíamos ao menos nos abster de subtrairmos ! O planeta agradece....

Multiplicar é o verbo misterioso que tantos gurus econômicos escrevem milhares de livros tentando esclarecer este conceito sofisticado.
Dividir não se encontra nem nos melhores dicionários universais e, diria eu, é obsceno.

A história humana é um contínuo e vergonhoso evento gigantesco de submissões. Do poder e da subjugação.

E o poder se traduz nas mais vis formas de atuação: física, econômica, intelectual....

É o processo darwiniano.
Embora o animal de nove dedos ponha alguns pontos desta teoria à prova !

Os exemplos apresentados são sempre de poder e seleção com enfoques disfarçados.
Seja o espertinho que subverte a deficiência em saber ler, seja a contratação de um funcionário medíocre, seja a greve de funcionários abaixo da mediocridade, o banqueiro feliz que conduz a economia, o MST e todos os sem-qualquer-coisa.
Lamento que seja assim. Somos assim. Somos vis.

Sobreviveremos ? Até quando ?
Viva Mahmud Ahmadnejad !