Todas as semanas saíamos para conversar. Ainda lembro da ultima vez que nos encontramos. Ele estava muito bem.
É verdarde que ele estava um pouco gordo, mas nunca pensei que o CORONAVIRUS fosse afetá-lo tanto assim.
Na última vez que nos vimos ele sugeriu que fossemos a um pub local, que ele gostava muito. Já na entrada do pub eu me senti desconfortável. Cartazes sobre CORONA por todos os lados. Ué, não íamos só tomar cerveja? Uma fila imensa na entrada, duas mulheres processando os clientes, escaneando as identidades. Para tomar cerveja? Era pior do que a fila de imigração no aeroporto.
Quando chegou a minha vez eu perguntei:
-Por que voces querem escanear a minha identidade?
-Infelizmente é por causa dos tempos que vivemos.
-Você não respondeu à minha pergunta.
Ela (muito gorda e feia) olhando para mim com desprezo apontou para os cartazes sobre COVID, e levantando a voz:
-Todo mundo tem que se identificar para a luta contra o virus.
Eu, levantando a voz:
-Se for assim eu não vou dar o meu dinheiro para vocês.
O pessoal da fila já estava querendo se esconder, todos sentiam-se mal. O meu amigo, que costumava ir nesse pub, era o que estava mais desconfortável.
A mulher, quase gritando:
-Não queremos o seu dinheiro!
Olho ao redor. As máquinas caça-níqueis funcionando à toda velocidade, os velhinhos jogando e perdendo milhões da própria aposentadoria.
-Como não querem? - Aponto, rindo, para as máquinas caça-níqueis.
O clima estava agora realmente hostil. Decidi não afrouxar.
-Eu não vou entrar no seu pub de jeito nenhum! - virei e saí.
O meu amigo ainda tentou me convencer a entrar.
-Desculpe, mas eu não vou fazer essa palhaçada para tomar uma cerveja. É contra os meus princípios.
Saímos em silêncio. Compramos uma cerveja e tomamos em seu apartamento.
Ele já estava diferente. Ficou ofendido com a maneira como eu desprezei o seu lugar favorito.
Nunca mais falamos. É triste perder um amigo para o CORONAVIRUS, mas ainda tenho esperança de que um dia ele venha a ver a luz.
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