2009-10-31

2009-10-24

A inteligência brasileira


Para resolver o problema das favelas, o governo brasileiro decidiu trocar-lhes o nome. Em lugar de favela, que é um nome feio que implica miséria e violência, passou a chamá-las "comunidade favela".

A foto acima foi tirada ao lado da "comunidade favela Vila Cruzeiro". Não é preciso ser muito inteligente para perceber que o problema da favela não foi resolvido. Estes dois estão tentando evitar que tiros disparados por marginais, agora re-batizados de "balas perdidas", inimputáveis agentes da morte, se alojem em seus corpos.

Se mudar nomes resolvesse alguma coisa, a inteligência dos brasileiros seria famosa em todo o mundo. Enquanto a aclamação internacional não chega, o mais aconselhável é continuar a andar de quatro.

2009-10-23

Obama copia Lula

Obama banana segue descendo no meu conceito. Agora ele decidiu imitar Lula - dá para descer mais baixo? - e atacar a Fox, uma das redes de notícia que mais critica as suas políticas incoerentes. A Fox é para Obama o que a "Veja" é para Lula. O pior é que Obama está usando as mesmas palavras do garanhunense. A "mídia" estaria fazendo algo terrível contra Obama.

Terrível? Não seria melhor que o funcionário público Obama mostrasse serviço?

Mas por sorte a "mídia" americana tem muito mais consciência de seu papel na sociedade do que a brasileira. Lá no país do norte, todas as outras redes noticiosas se uniram para evitar a exclusão da Fox News.

Claro que em Garanhuns, digo Brasil, isso jamais aconteceria.



2009-10-10

A verdade desinteressante

Século 19. Batalhões de cientistas procuram por explicações para os fenômenos naturais. Eles sabiam que o estudo e as experiências levam a uma melhor compreensão do universo com potenciais ganhos fantásticos, inimagináveis.

Século 21. Os cientistas do século 19 provaram que estavam certos e usufruimos hoje de tudo o que eles desenvolveram. Resultaram do suor desses heróis:

  • telefone celular, 
  • redes de comunicação
  • os computadores
  • a televisão
  • cinema
  • ar condicionado
  • refrigerador
  • o carro
  • as máquinas agrícolas
  • todas as máquinas domésticas 
  • a melhora no rendimento da agricultura
  • a eliminação da fome
  • as vacinas
  • erradicação de doenças
  • o aumento da longevidade
  • os antibióticos
  • os inseticidas
  • o aumento geral na qualidade de vida.

Usufruimos alegremente de tudo isto sem jamais entender como essas coisas funcionam. Apertamos um botão e, pronto! Conseguimos o que queremos. Entretanto há algo negro pairando no ar.

Na nossa época, a verdade não tem o valor que tinha no século 19, o século das grandes descobertas. A verdade é desinteressante. Por que que um usuário de um celular com câmera digital ia querer entender como funciona a física dos microcircuitos que ele tem na palma da mão? Exato. Desinteressante, complicado e cansativo. O importante é que se comprem mais câmeras, que a economia gire, certo?

Assim, ao mesmo tempo repetem-se certas ladainhas inacreditáveis, como a do "aquecimento global". Sim! Os mares subirão. Sim! O mundo ficou mais quente. Mas quanto subirão os mares? O público é incapaz de compreender as grandezas envolvidas. Simplesmente não sabe o que é um milímetro, portanto não entende o significado de 20 milímetros por década. Também não sabe o que é um grau centígrado, portanto não entende o que é um aquecimento de 0,2°C em 30 anos. É complicado, desinteressante e cansativo. O importante é que a economia aumente, certo?

Aparentemente é exatamente a economia o que orienta os ambientalistas radicais. Os "créditos de carbono" são simplesmente uma maneira de encarecer o que é barato - energia - e redirecionar este dinheiro para comerciantes que o que fazem é simplesmente trocar nada por coisa nenhuma. Todos pagarão mais, a economia ficará maior, mais complexa. Os governos poderão, usando o pretexto de o fim do mundo estar próximo, se apropriar de uma fatia maior do bolo para alimentar seus incompetentíssimos burocratas. É a auto-perpetuação da mentira. A verdade? A verdade que se estrumbique. No fim quem é que está interessado?

Um dia, em um futuro talvez não tão distante, alguém se lembrará de perguntar como é que todas essas maravilhas funcionavam. Terá como única resposta um profundo e tenebroso silêncio.



2009-10-05

O maior dos presentes

Ganhei um fantástico presente. Herdei uma biblioteca. Mas não é uma biblioteca pequenina não. É uma biblioteca com mais de um milhão de volumes!

Ainda não me refiz do susto. Como foi que eu fui escolhido para receber essa magnífica herança se nem conheço o meu benfeitor? E como vou fazer para começar a ler os meus livros, tantos livros, que são somente meus e estão todos ao alcance dos meus dedos?

Não termina aí a minha imensa sorte. Acontece que meu benfeitor também era muito organizado. Os livros estão catalogados em índices por assunto, autor e palavras de referência. Não há como perdê-los na imensidade das infindáveis estantes. Tudo isso para mim.

E o custo de manter estes volumes em ordem? Alguns livros tem mais de 300 anos! Até nisso o meu benfeitor pensou. Está tudo pago enquanto eu viver. Os restauradores, o ar condicionado, um batalhão de especialistas trabalhando para mim.

Comecei a explorar a minha livraria. Procurei "Química", que é um assunto de que gosto. Lá estão as obras originais, nas primeiras edições de Berthelot, Lavoisier, von Liebig. Livros raríssimos! Não serei capaz de explorar completamente os livros de química nos anos de vida que me restam. Isso sem contar todos os outros assuntos, científicos, livros de arte, literatura, arquitetura, música, engenharia...

E por que eu? O que eu fiz de especial para ganhar este presente?


Bom, na verdade eu ganhei os livros porque gosto de ler. A maior parte das pessoas jamais vai vê-los, mas aquele que gostar de livros como eu gosto pode ganhar uma biblioteca igualzinha. Como?

Ora, é só clicar aqui. Open Library é parte de um monumental projeto de digitalização de todos os livros que a humanidade já escreveu. Se quiserem baixá-los convém fazê-lo no formato .djvu (dejàVu) que tem um programa leitor grátis. Podem também ser lidos on-line. Isto é só uma amostra do que vem pela frente. É uma revolução como nunca houve na história da humanidade.

Nunca tantos livros foram tão acessíveis. Os livros raros nunca mais serão raros. A parte difícil é encontrar alguém que goste de ler, especialmente no Brasil. Se você for um deles, fique grato pelo gigantesco presente que você acaba de receber e passe adiante! Divirta-se!

2009-10-01

Líder ou Ditador?


Ainda bem que há ainda gente inteligente na imprensa brasileira. Abaixo um artigo de Augusto Nunes, que escreve na Veja, sobre a peculiar forma dos jornais denominarem ditadores sangrentos: "Líder"... Excelente

Líder é o codinome dos ditadores
Por Augusto Nunes

Entusiasmados com as cenas de abertura do pastelão cucaracha produzido por Hugo Chávez, protagonizado por Manuel Zelaya e encenado num estúdio do Itamaraty em Tegucigalpa, os editores da seção internacional da Folha e do Estadão inventaram o jornalismo de altíssima definição e precisão duvidosa. Zelaya, por exemplo, virou ”presidente deposto”, ”presidente democraticamente eleito” ou “presidente constitucional”. Roberto Micheletti, transferido da presidência do Congresso para a chefia do governo por determinação constitucional, foi rebaixado a “presidente golpista” ou ”presidente de facto” (com c, de conspiração).

Se ninguém mais é apenas chefe de governo, chefe de Estado ou presidente, que tal estender ao resto do mundo os qualificativos que iluminam a crise em Honduras? Pelas normas que têm orientado a cobertura, Mahmoud Ahmadinejad, por exemplo, deve ser apresentado como “presidente eleito sob suspeita de fraude”. E o cartão de visitas de Hugo Chávez tem de identificá-lo como ”presidente ex-golpista”.

A varredura das ambiguidades e dos eufemismos exige a imediata demissão de todos os “líderes”. Líder todo chefe político é. Se estiver na oposição, continua líder. Muda de nome ao instalar-se na chefia do governo. Se chegou ao poder pelo voto, é ”presidente constitucional”. Se contornou o caminho das urnas e assumiu o comando a bordo de um golpe militar, uma safadeza civil ou um movimento revolucionário, é ditador. Não pode fantasiar-se sequer de ”presidente golpista”, “presidente inconstitucional”, ”presidente autoritário”. E fica terminantemente proibido o uso do disfarce de líder.

O líbio Muammar Khadafi foi líder só até o golpe vitorioso. Há 40 anos é ditador. Fidel Castro foi líder até 1° de janeiro de 1959. Proibiu-se de ser presidente ao implantar a ditadura comunista. Tornou-se ditador. Como Fidel por quase 50 anos, o caçula octogenário continua aparecendo nos jornais com o crachá de “líder”, ou com a carteirinha de “presidente”. Os jornalistas fazem de conta que é verdade.

Como todos os tiranos, ambos serão sempre ditadores aos olhos dos homens sensatos. Onde combatentes das redações enxergam líderes continuarão a existir assassinos da liberdade, da democracia e de gente.


Jazz Sebastian Bach