Veio de muito longe, para lá da órbita de Plutão. O movimento era anormal, veio de fora do plano da eclíptica. Para quem não sabe, a eclíptica é o plano imaginário que contém as órbitas de todos os planetas. Se algo veio de fora desse plano existem grandes chances de que o visitante não seja nem do nosso sistema. Uma nave vinda de outra estrela?
Coincidentemente, esse é o cenário de um conto de Artur C. Clarke, "Encontro com Rama". É claro que ele se inspirou em um cometa, ao descrever a trajetória da fantasmagórica e gigantesca nave.
Desta vez eu estava no lugar certo. O visitante aproximou-se pelo norte do plano da eclíptica e passou muito perto do Sol: a metade da distância de Mercúrio ao Sol. A volta às profundezas frias do espaço seria pelo sul da eclíptica, e eu estava no hemisfério sul, em Melbourne.
Depois do fiasco da volta do Halley em 1986, os países do hemisfério norte ignoraram o cometa McNaught em 2007. Não tinham opção, após a aproximação máxima do Sol ele só seria visível na Nova Zelândia, Austrália, África do Sul e América do Sul.
Depois de dois dias com o céu completamente nublado, pensei que o perderia. No dia 22 de janeiro, entretanto, o cometa apareceu brilhante, grande, fantástico, logo após o pôr-do-sol. As pessoas olhavam, maravilhadas. Uma mulher que olhava pela janela do seu apartamento perguntou:
"É esse o cometa? Por que não está se mexendo?"
Expliquei como pude, gritando para o primeiro andar... ela ouviu atenta. Pensei em uma discussão nos "Dialoghi" de Galileu, onde ele demonstra que os cometas não estão na atmosfera da terra, estão mais distantes que a nossa Lua. Galileu já sabia que estes visitantes misteriosos poderiam talvez nos trazer mensagens de outros planetas, de outras estrelas.
Eu sabia porque ele não parecia se mexer. Sabia também o porquê de sua cauda fantástica, imaginava a sua superfície de gelo sujo fervendo e lançando gases ao espaço que eram ionizados pelo vento solar. A cauda tinha milhões de quilômetros de comprimento, espalhando-se pelo vácuo. Tudo isso eu sabia. Mesmo assim, quando olhava para o cometa, quando olhava para o espaço, uma idéia estranha insistia em dominara a minha mente.
A idéia de que, fervendo sob uma radiação solar violenta, lançando íons a milhões de quilómetros e brilhando a ponto de ocupar boa parte do céu, esse visitante era estranhamente silencioso. O silêncio profundo de quem está para se embrenhar novamente na escuridão por mais cem milênios.
Veja como é a órbita dessa espaçonave de gelo (clique aqui).
O livro de Clarke pode ser comprado clicando nos links abaixo:
Coincidentemente, esse é o cenário de um conto de Artur C. Clarke, "Encontro com Rama". É claro que ele se inspirou em um cometa, ao descrever a trajetória da fantasmagórica e gigantesca nave.
Desta vez eu estava no lugar certo. O visitante aproximou-se pelo norte do plano da eclíptica e passou muito perto do Sol: a metade da distância de Mercúrio ao Sol. A volta às profundezas frias do espaço seria pelo sul da eclíptica, e eu estava no hemisfério sul, em Melbourne.
Depois do fiasco da volta do Halley em 1986, os países do hemisfério norte ignoraram o cometa McNaught em 2007. Não tinham opção, após a aproximação máxima do Sol ele só seria visível na Nova Zelândia, Austrália, África do Sul e América do Sul.
Depois de dois dias com o céu completamente nublado, pensei que o perderia. No dia 22 de janeiro, entretanto, o cometa apareceu brilhante, grande, fantástico, logo após o pôr-do-sol. As pessoas olhavam, maravilhadas. Uma mulher que olhava pela janela do seu apartamento perguntou:
"É esse o cometa? Por que não está se mexendo?"
Expliquei como pude, gritando para o primeiro andar... ela ouviu atenta. Pensei em uma discussão nos "Dialoghi" de Galileu, onde ele demonstra que os cometas não estão na atmosfera da terra, estão mais distantes que a nossa Lua. Galileu já sabia que estes visitantes misteriosos poderiam talvez nos trazer mensagens de outros planetas, de outras estrelas.
Eu sabia porque ele não parecia se mexer. Sabia também o porquê de sua cauda fantástica, imaginava a sua superfície de gelo sujo fervendo e lançando gases ao espaço que eram ionizados pelo vento solar. A cauda tinha milhões de quilômetros de comprimento, espalhando-se pelo vácuo. Tudo isso eu sabia. Mesmo assim, quando olhava para o cometa, quando olhava para o espaço, uma idéia estranha insistia em dominara a minha mente.
A idéia de que, fervendo sob uma radiação solar violenta, lançando íons a milhões de quilómetros e brilhando a ponto de ocupar boa parte do céu, esse visitante era estranhamente silencioso. O silêncio profundo de quem está para se embrenhar novamente na escuridão por mais cem milênios.
Veja como é a órbita dessa espaçonave de gelo (clique aqui).
O livro de Clarke pode ser comprado clicando nos links abaixo:
3 comentários:
Por aqui tivemos infinitos dias nebulosos das 6 às 20 hs...
É um livro fantástico. Li o 3º, O Jardim de Rama e achei mais fraco. Bom, mas sem comparação, mais um novelão. Queria ler o 4 mas nunca vi numa livraria, só pra saber como acaba a saga.
Mas talvez seja melhor só ler o 1º.
Eu comprei o livro em uma loja de livros usados, por um dolar, na Tasmânia. Não esperava que fosse tão bom...
Postar um comentário