Como eu já expliquei, nesta ilha chove o tempo todo de um lado e praticamente nunca do outro. O hotel em que estávamos estava no lado seco e mesmo assim tinha bonitos e cuidados jardins. Isto sem contar que o hotel precisava de água para funcionar, óbviamente.
Andando pela costa, percebi que os hotéis pareciam oasis em meio à pedra negra. Entrando no mar, tudo mudava. Mergulhando a alguns metros além da praia muitíssimos corais abrigavam peixes impossíveis de tão coloridos. Acho que nunca em minha vida vi tamanha variação de azuis, violetas, vermelhos e amarelos, além de padrões absurdos com círculos brancos e castanhos. A vida pululava pelos recifes e pelos corais manifestando-se em cores incríveis. Os raios do sol destacavam ainda mais as maravilhas e a transparência das águas fazia pensar que estávamos flutuando no espaço. O contraste com o aspecto desolado da costa negra era estarrecedor.
As tartarugas marinhas imensas vinham perto das pessoas, um comportamento muito raro: era comum vê-las na praia com crianças ao redor. Os havaianos haviam instituído uma lei que proibia que as tocássemos, com medo que elas se assustassem e deixassem de se aproximar das pessoas. Era difícil impedir as crianças, no entanto...
Notei que quando entrava na água para mergulhar, inicialmente havia uma estranha turbidez, uma turbulência esquisita na água. Isso não tinha nada de normal, penso, e pergunto a alguns locais. Eles me explicam que na verdade, por baixo da linha da praia, fendas na pedra exalam água doce que vem de lençóis freáticos que passam por baixo do Mauna Kea. A lava é extremamente porosa e filtra a água que vem literalmente do outro lado da ilha. Havia uma teoria de que as tartarugas se aproximavam da costa para beber dessa água doce. Fazia sentido. O que me parecia mais fantástico é que no meio desse deserto, bastava fazer um poço de uns dez metros de profundidade e agua pura e cristalina brotava. Essa água era usada pelos hotéis, que tinham trazido terra do outro lado da ilha para plantar seus jardins. Tudo estava explicado. A delicada distorção que eu via ao mergulhar era a camada de água doce, que flutua sobre a água salgada, misturando-se com a minha presença. Fantástico!
Veja aqui (clique) como os campos negros de lava chegam diretamente ao mar. Se tiver Google Earth, pode-se ver com mais clareza o local e inclusive ter uma idéia do tamanho dos vulcões.
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