2006-05-28

A montanha mágica - 4



Divaguei um pouco... Como dizia, a temperatura era de maravilhosos 27 graus e vieram me buscar para subir no Mauna Kea, vulcão imenso com 4200 metros de altura. O motorista do jipão estava recolhendo turistas pelos hotéis e falou brevemente comigo. Nesse momento disse: "Você vai se sentar aqui, do meu lado." Eu, intrigado, disse que tudo bem. Até gostei de sentar na frente.

Após recolher todos os passageiros rumamos em direção ao Mauna Kea. Para quem não sabe, este vulcão reúne a maior coleção de observatórios astronômicos high tech do mundo inteiro. A limpidez do céu havaiano só encontra paralelo em alguns altos picos do Chile. A razão é que toda as nuvens ficam concentradas do lado chuvoso da ilha e não conseguem passar por sobre o pico dos vulcões.

Fiquei impressionado com o caminho retilíneo. Esperava que, ao subir a montanha, começasse um percurso sinuoso, mas não. O guia/motorista explica tudo: este vulcão foi escolhido justamente pela facilidade de levar equipamento pesado para o topo, sem correr o risco de submeter os delicados espelhos refletores a perigosas estradas. Lembro que espelhos de grandes telescópios refletores podem ter mais de 8 metros de diâmetro, e tem que ser transportados de uma vez, não há como desmontar. A suave inclinação do vulcão permitia fazer com que a estrada fosse larga e diretamente ao topo.

Da mesma maneira, impressionei-me porque não se notava que estávamos subindo tão alto. Quando olhávamos para trás, víamos só um campo de lava que era negra se fosse recente ou marrom se tivesse mais de três séculos. À medida que fomos subindo o guia explicava as formações rochosas. Os "cinder cones" remanescentes de antigas erupções eram sumamente interessantes. Acrescentavam à paisagem esse aspecto lunar ou espacial.

Antes do passeio, o guia perguntou se tínhamos mergulhado nas últimas 8 horas. Se tivéssemos, não nos deixaria prosseguir. Crianças de até 12 anos também não podiam ir. O guia explicava que em pouquíssimos lugares do mundo era possível subir do nível do mar até 4000 metros tão rapidamente, e que em alguns casos havia reações adversas, como formação de líquido nos pulmões. Era a temida "embolia de altitude". Paramos por uma hora quando chegamos perto dos 3000 metros para garantir que não haveria problemas durante a subida até o cume.




Segue...


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