2007-03-13

Etanol, Ciência e Ecologia (I)

Toda a nossa ciência, se comparada à realidade, é primitiva e infantil... mas ainda assim é o que temos de mais precioso.
Albert Einstein


A Ciência progrediu muitíssimo no século 20. Parece estranho, portanto, que no século 21 estejamos a regredir. Ideologias proliferam, religiões idem. Argumentos apaixonados sem qualquer fundamento se sucedem em discussões sobre Ecologia, energia sustentada, produtos "orgânicos" ou o pecado original. Em nenhum momento vemos a marca da Ciência servindo como juiz destas batalhas que, portanto, já nascem perdidas.

O primeiro assunto que quero tratar é o etanol. Os eco-loucos gritam que o etanol é a solução de combustível sustentável, que não polui, não acrescenta gás carbônico à atmosfera, é uma energia "verde" e por aí vai. Nunca vejo o mínimo de Ciência em toda essa argumentação sem sentido. O que segue é, com perdão da palavra, a verdade:

Atualmente, no Brasil, existem aproximadamente 45 mil kilometros quadrados de área plantada de cana. Para se ter uma idéia do tamanho isto equivale a um quadrado de aproximadamente 200 km de lado, coberto de cana de açúcar. Esta área plantada gera aproximadamente 14 milhões de metros cúbicos de etanol, ou 14 bilhões de litros. Se considerarmos que um carro consome uns 40 litros de álcool por semana, ou 2000 litros por ano, este álcool seria suficiente para 7 milhões de veículos ou uns 150 carros por kilometro quadrado de cana.

A frota de carros dos Estados Unidos é de 140 milhões de veículos. Para produzir álcool para todos os carros da América, precisaríamos aproximadamente uma área de 1 milhão de quilometros quadrados. Isto corresponde a 1/8 da área total do Brasil, e provavelmente mais da metade da área agriculturável. A Amazônia já não existiria mais. Isto equivaleria literalmente a cobrir o Brasil inteiro de cana-de-açúcar. Quem já sentiu o fedor de uma plantação de cana quando o bagaço apodrece sabe que o Brasil inteiro ia sair perdendo, digo, fedendo.

Em outras palavras, a cana não é a solução que todo mundo diz que é. Basta observar que o Brasil não foi capaz nem de suprir a sua própria frota de veículos. Além de impraticável, o etanol é caro, e a opção é ecologicamente catastrófica. Muitíssimo pior, por sinal, do que queimar petróleo.

No próximo post falarei do aquecimento global. Por favor, cadastre-se aí do lado esquerdo do blog fornecendo seu e-mail. Não sei quando terei tempo para escrever novamente.

Fonte dos dados usados neste post: Wikipedia clique aqui

Continua... aqui

6 comentários:

Anônimo disse...

Se o etanol não é a substituição lógica ao petróleo, muito, mas muito menos ainda, o biodiesel.
É simples: vivemos o mundo da hipocrisia.

Anônimo disse...

Zappi,

Alguns anos atraz, ja foi comentado, em um programme da tv5arte, este fato, do combustivel verde, produzido atravez da cana de açucar...etc...e as informações, nos comentarios de especialistas, em assuntos do Brasil,seria que,se o Brasil continuar o desenvolvimento do combustivel vegetal,O SOLO DO PAIS SE TORNARIA TOTALMENTE OCUPADO, pra plantar UNICAMENTE CANA e não sobraria mais espaço, pra plantar ou criar animais, pra ALIMENTAR a população Brasileira! O PARADOXO SE INSTALARIA NO PAIS COM A CATASTROFE CAMINHANDO DE PAR, COM O COMBUSTIVEL "VERDE"...O Pais teria que COMPRAR COMIDA EM OUTROS PAISES PRA SUPRIR AS NESCESSIDADES ALIMENTICIAS DA POPULAçÃO BRASILEIRA....!

Anônimo disse...

Zappi, com relação à origem dos dados, a wikipedia, cumpre corrigi-la que o pró-álcool não foi criado pelo Médici, mas em 1975 pelo Geisel.
Tchau, Júlio Canaris

Anônimo disse...

Júlia, isso nunca aconteceria. Primeiro não é toda a área nacional apta à cana para a produção de álcool. Só as que são viáveis já demorariam um século de esforço japonês ou alemão.
Plantar cana é o menor esforço para produzir álcool. Não temos recursos, usinas, transporte, armazenagem... nem temos comprador para tanto.
O fazendeiro não planta cana porque quer dar combustível ao mundo, mas porque lhe dá lucro. E em muitas regiões outras culturas são mais lucrativas e viáveis.
Pruduzir carne é um negócio. Produzir cana é outro negócio. Produzir soja é outro negócio. São coisas distintas e uma atividade não anula a outra.
Valeu,
Júlio Canaris julio_canaris@hotmail.com

Anônimo disse...

Caro Julio Canaris,

Transcrevi somente o conteudo dos comentarios feito pelos ESPECIALISTAS EM ASSUNTOS DO BRASIL (Français)em programme de debates da tv5arte...Estou completamente de acordo com seu comentario em geral no que diz:- são coisas distintas e uma coisa não anula outra...Mas enquanto isso, tem o "mas"...

Julia,jupalmeiraslia@yahoo.com.br

Anônimo disse...

La frase más afortunada y precisa , que resume el pensamiento del autor es la que afirma que "Argumentos apasionados sin fundamento se suceden en discusiones sobre ecología, energía sustentada, productos "orgánicos" o el pecado original ..."
En Argentina estamos viviendo en estos momentos una situación absurda por donde se la mire: la discusión sin sentido sobre la instalación de industrias papeleras sobre la costa del río Uruguay, por el país vecino. Sobre el tema estoy cansado de escuchar las idioteces mas insignes, emitidas por cualquier ignorante, sobre un tema que debería tener un encuadre relativamente simple, afirmado sobre un enfoque serio desde el punto de vista de la química industrial . Pero no es así. Hay trasnochados que aseguran que la planta será una catástrofe ecológica comparable con la caída de un aerolito o la explosión de Chernobyl. Y quienes deberían intervenir para poner las cosas en su lugar priorizan la incidencia política que podría tener actuar de una u otra manera. Son los "argumentos apasionados" que menciona Zappi, quien quizás cometa a veces un pecadillo de inocencia. Atrás de los argumentos apasionados o personales aparecen siempre los motivos económicos y este caso no es diferente.

Con respecto a la producción de alcohol, quiero citar un hecho ya olvidado por muchos que es antecedente del tema. En los años '50 , durante la presidencia de Perón, se construyó en la ciudad de San Nicolás , a 200 Km de Buenos Aires, una enorme planta para producir alcohol por fermentación de maíz. Se llamaba "Alcoholera San Nicolás" y ocupaba un gran predio cerca del río Paraná. Sus instalaciones se veían perfectamente desde la ruta No 9 que pasaba a mas de 10 Km. Tenía varios fermentadores gigantescos de 20 metros de altura , se construyó un camino de acceso, maquinarias para la descarga del maíz y todas las instalaciones complementarias que son de imaginar.
La intención era emplear supuestos excedentes de cosecha de ese grano y se hablaba pomposamente del "Carburante Nacional" que sería una mezcla de nafta con alcohol absoluto (de 99 %+) producido en la planta. Cuando cayó el gobierno de Perón , quienes lo sucedieron no estuvieron dispuestos a subvencionar la producción de alcohol, que esa era la intención oficial para ganar puntos en su propaganda nacionalista. Cálculos sencillos demostraban que la producción de alcohol por esa vía era absolutamente antieconómica; había que usar combustible fósil para destilar el etanol y eliminar el agua que forma con el mismo una mezcla "azeótropa" porque de lo contrario el etanol no se mezcla con los hidrocarburos (qué novedad ! ! ) , y el proyecto se frenó. Este elefante blanco NUNCA SE PUSO EN MARCHA. Algunos chatarreros hicieron buenos negocios con el desguace de la planta.