2006-10-29

A certeza da ignorância e a ignorância da certeza

Um amigo fez uma previsão, alguns anos atrás: a Internet causaria um renascimento das artes e das ciências. Estava bem claro que nunca foi antes tão fácil ter acesso ao conhecimento humano e às maiores manifestações artísticas sem precisar sequer sair de casa. Os maiores pensadores da humanidade estão a alguns clicks de distância.

Foi um engano. A imensa popularidade de sites inúteis e de variadas manifestações da ignorância coletiva atestam. Alguns usam a Internet para evoluir, mas são proporcionalmente ainda menos do que os que apoiavam Galileu, em épocas e lugares onde a igreja católica exercia seu poder absoluto e tirano.

Talvez o início da Internet tenha contribuído para a superficialidade. Textos curtos e rápidos substituíram ensaios mais extensos. Desenhos e fotos mal podiam ser transmitidos, devido à lentidão de acesso. Um vídeo? Nem pensar. Cartas cuidadosamente escritas e revistas cederam o lugar a incrívelmente rápidos e-mails de uma linha.

Nada serve como pretexto agora: milhões de textos, livros, videos e fotos podem ser acessados em um piscar de olhos. Vozes mortas há décadas surgem incólumes, como se falassem agora mesmo, especialmente para o ouvinte. Interpretações musicais magníficas estão disponíveis em um segundo. Ainda assim, quanto mais elaborada a manifestação da inteligência humana, menor a sua popularidade.

Não é só em terras bananeiras que esse fenômeno ocorre. Acho que a atração pela ignorância é um fenômeno universal. Entretanto o isolamento causado pela língua Portuguesa torna essa situação ainda mais empedernida, cristalizada. É o problema de lugares como o Nepal e Bangladesh.

Por quê será que a estupidez atrai tanta gente? Eu tenho uma teoria. É porque o ignorante sempre tem certeza, enquanto o sábio sempre duvida. Quem pensa é visto como vacilante pela massa ignorante, que prefere a certeza estúpida. O muçulmano que amarra bombas em si mesmo tem certeza que irá ao céu, e que enontrará doze virgens esperando por ele. O católico tem certeza da virgindade da "virgem" Maria. O judeu está certo de que não pode acender a luz no Shabat, ou coisas terríveis acontecerão. O conforto da certeza não tem rivais: quem troca o certo pelo incerto?

Quem pensa troca o certo pelo incerto. A certeza cega não serve a quem sabe usar a cabeça. Sem incerteza, não há progresso, não há Ciência.

Um ponto entretanto distingüe a sabedoria da ignorância. A Ciência sempre baseia seu progresso na experimentação e na observação. Não pode lançar dogmas obscuros, é obrigada a basear o que sabe no que acontece na realidade. E é olhando para a realidade que se progride. Como disse Galileo Galilei:
"Parlare oscuramente lo sa fare ognuno, ma chiaro pochissimi."

(Falar de forma obscura todo mundo sabe, mas de forma clara pouquíssimos conseguem.)
Isto não mudou absolutamente nada nos dias de hoje.

Ainda há esperança entretanto. Até a eleição de Lula tem um ponto positivo: muita gente terá que se organizar para confrontá-lo, e confrontá-lo com realidade e inteligência. Eu devo a ele o fato de estar escrevendo estes textos. Não espero que ninguém aprenda nada com eles mas gosto de pensar que eles abrirão o apetite a mais conhecimento, em um país que está intelectualmente na escuridão profunda das certezas eternas.

Para finalizar e para ilustrar a força da Internet e da inteligência humana, termino com um link para uma aula ministrada por Richard Feynman na Nova Zelândia, a respeito da teoria quântica. Notem quantas incertezas ele demonstra ao longo da explicação e ao mesmo tempo como baseia tudo em fatos. É refrescante saber que a semente da sabedoria continua viva. Este é o mesmo Feynman que causou fúria e indignação quando disse que "No Brasil não se ensina Ciência" - clique aqui.

A realidade pode ser dolorosa, mas só através dela é que o progresso ocorre.

Clique aqui para uma magistral aula de Ciência.


2006-10-26

Quando eu era pequeno

Quando eu era pequeno eu tinha esperança. Sabia tudo sobre o projeto Apolo. Vibrava quando um foguete era lançado. As conquistas científicas, as sondas espaciais.

Quando eu era pequeno imaginava o século 21: um mundo tecnológico onde as mazelas humanas teriam sido solucionadas, recebendo mensagens de novos mundos, fantásticas descobertas. Um mundo onde a religião não mais ditasse as normas, não mais trucidasse vidas humanas. Medievais cruzadas extintas para sempre: um mundo olhando para o futuro.

Cada pequena descoberta era para mim gigantesca. Cada som, nova música. Transístores, miniaturização, rádios. Devorava ficção científica. Estudava Física. O sol brilhava e tudo apontava para um futuro promissor. O Brasil era a terra do futuro.

O que eu não percebia era que a burrice aumentava. Como iria perceber? Estava tão entusiasmado com o meu sucesso que não percebia que eu não podia ser tão melhor do que os demais. Deveria ter desconfiado quando me chamavam gênio. Gênio eu? Por quê?

Einstein foi um gênio. Richard Feynman. Niels Bohr. Rutherford. Ravel. Martha Argerich. Dinu Lipati. Há muitos mais. Picasso, Crick & Watson, Darwin.

Há alguns no Brasil, Villa Lobos. Santos Dumont. Sempre atacados. Sempre incompreendidos. Eu? Não. Só era gênio se comparado às hordas de analfabetos que sempre aumentam, aos sindicalistas, aos organizadores do MST... ao Lula. Especialistas em mentir, manipular ignorantes, roubar. Eu não. Sou normal. Sei que sou.

O que não é normal é regredir. Apontar para o buraco e dizer "vamos em frente". Nego o título de gênio a Hitler ou a Goebbels. Ser desonesto é sempre mais fácil. Realizar de verdade é a prova da genialidade. Os que manipulam e destroem serão sempre lembrados como o que são: assassinos.

Quando era pequeno imaginava que tínhamos superado as guerras. Que não haveria homens-bomba ou cretinos que atacam sob o pretexto de uma ridícula figura de Maomé em quadrinhos, ou milhões acreditando nas mentiras mais ridículas.

Tenho pena dos meus leitores. Sempre falei demais de quem sequer merece uma palavra. Espero que os meus dez fiéis leitores me perdoem. Sei que me lêem porque pensam como penso. Nunca devo ter convencido ninguém a mudar de idéia. Peço desculpas a quem me agüentou até aqui.

Eu tive sorte, muita sorte. Não sei porque. Não merecia mais do que nenhum outro no mundo, entretanto a sorte me sorriu até agora. O céu brilha azul, forte, mas eu não acredito mais em um futuro bom. Eu queria luz de verdade, dessas que brilham por dentro e por fora, e não esse brilho vítreo no olhar de dementes. Olhem para os olhos de Hitler. Vejam Lenin, Stalin. Fidel Castro. Bush. Lula. Dirceu. Um olhar demente, arrogante, cínico, desafiador dizendo: "Eu posso mentir quanto quiser, e você?".

Não preciso mentir nem enganar ninguém. E vou lhes dizer: fiz uma malandragem. Surrupiei deste blog o vídeo de um gênio tocando violão. Ouçam, deixem carregar tudo antes de ouvir e ouçam. Vejam porque vale a pena ir em frente. Este é Paulinho Nogueira, que nunca morreu. Outros em vida já enterrados estão.


2006-10-23

Não dá pra coçar o ouvido

O TSE proibiu o adesivo dos quatro dedos: exploração de deficiência física. Acho que o TSE também deveria proibir este (clique aqui). Não sei que tipo de deficiência podem alegar.

O que você acha? O TSE deve proibir esse aí também?


2006-10-22

Consequências da Tolerância


Muitos e muitos anos atrás, eu estava visitando a GE no Rio, na Baixada Fluminense. A GE era imensa e fabricava lâmpadas e equipamentos elétricos. Devia ter uns 2000 funcionários. Ficava rodeada de morros que, naturalmente, estavam cobertos por favelas.


Enquanto estava esperando alguém, ouvi uma secretária conversando com a outra:



- Você não veio ontem, menina, você perdeu, foi o maior rebu...

- Eu soube, mas conta, conta como foi.

- O Escadinha, fugindo da polícia desceu o morro e atravessou a fábrica. A polícia veio atrás, foi tiro pra todo lado.

- E vocês o que fizeram?

- Todo mundo se jogou no chão, debaixo das mesas.

- Até o Seu Pereira?

- Foi o primeiro a se agachar (hahaha), tinha mesas onde não cabia mais gente (hahaha)

- Hihihihi


Para quem não lembra, o Escadinha (aqui) era o bandido da hora naquela época, como o Marcola hoje. As moças da GE nem disfarçavam a admiração que tinham por ele. A polícia... bom, se alguém tivesse sido ferido os policiais teriam levado a culpa. Todo mundo se voltaria contra eles. O Escadinha era tolerado e, mais do que isso, era uma espécie de herói.

Tolerância, essa virtude tão valiosa...

Devemos mesmo tolerar o banditismo? O que acontece quando toleramos algo que nos é desfavorável?

Para tentar entender melhor, vamos ver se encontramos exemplos na Natureza, na relação entre parasitas e hospedeiros. Em um mundo com recursos limitados, há uma guerra contínua para conseguir fontes de alimento. As fontes estão devidamente protegidas. As plantas desenvolvem armas químicas que impedem o seu uso como alimento para a grande maioria dos animais.

A grama, por exemplo, só pode ser eficientemente consumida por ruminantes, já que a sua digestão é extremamente difícil. Os que conseguiram desenvolver esta habilidade são muito bem sucedidos, pois podem pastar à vontade, extraindo proteína e energia sempre que houver grama. Ser ruminante é portanto vantajoso onde existir grama. Isso quer dizer que a vida dos ruminantes é fácil? Em um mundo com ruminantes e grama, qual a fonte mais fácil de alimento? Os alces do Alaska são atacados por mosquitos. Os mosquitos encontraram esse atalho: não podendo pastar, consomem o sangue dos ruminantes. E não pensem que os alces conseguem ignorar os mosquitos: são atacados por tantos insetos que chegam a perder peso, até a morrer.

O resultado que vimos acima deve-se aos alces não reagirem aos mosquitos. O número de mosquitos aumenta tremendamente até o ponto em que chegam a sugar uma parcela significativa do sangue das vítimas. O número de mosquitos será o máximo que os alces podem suportar. A população de alces chega a diminuir. Nada acontece aos mosquitos, que podem simplesmente ir até o alce mais próximo e picá-lo tranquilamente.

Imaginemos agora que os alces pudessem matar mosquitos, mas que isso tivesse um custo: quando matam mosquitos, teriam que parar de comer. Como os mosquitos realmente incomodam, os alces os matariam aos milhões. Os que sobrassem conseguiriam se reproduzir. Sobrariam os mosquitos mais espertos, os que esperam para atacar, os que só atacam quando os alces estão comendo ou dormindo. Haveria muito menos mosquitos, mas os que sobrassem seriam astutos e agressivos. Afinal teriam que se alimentar rapidamente, antes que os alces tivessem tempo de eliminá-los.

O resultado seria positivo para os alces: o número de mosquitos diminuiria tremendamente. Os mosquitos que sobrassem seriam mais agressivos, rápidos. Faz sentido: se o alce os pega, acabou a festa. O próximo passo dos alces seria desenvolver novas técnicas para pegar os mosquitos remanescentes, mas vai chegar um momento no qual não vai mais valer a pena: afinal sobraram tão poucos...

O brasileiro é como alce e os corruptos e bandidos são os mosquitos. De tanto tolerar, o brasileiro agora doa gentilmente uma parcela grande de seu próprio sangue para os parasitas. E estes sugam tranquilamente, à luz do dia, sem medo de serem pegos. Sem revolta, sem agressividade, o brasileiro só definha lentamente.

Se se prendessem os bandidos, estes reagiriam. Ficariam mais agressivos, astutos. Mas seriam muito poucos. Teriam que agir na calada da noite, temendo sempre o pior. Não drenariam as energias que o país está precisando tão urgentemente para crescer. Não teríamos um governo conivente com bandidos, mentiroso. Roubando à luz do dia... e rindo.

É a consequência imediata da tolerância.

Tarso Genro, um gênio poético

A revista Veja está mesmo com a bola toda... parece que o famoso petista publicou um livro de poesia:

CONVERSA COM LAGARTOS

"A vovó Cacilda parecia uma patinha
e a vovó Julica elétrica e risonha conversava com lagartos"

"Quanto te esperei e quanto sêmen
inútil derramei até o momento"

"Em Cuba planta-se cana"

Trechos de poemas de Tarso Genro no livro Luas em Pés de Barro *


Parece que ele está querendo ser erótico, sem esquecer sua origem petisto-mediocre-comunisto-cubana. Veja o artigo completo aqui. Mmmmm.... nem precisa criticar o cara, precisa? Petista bom é o que mostra o que é sem subterfúgios...

*Talvez haja aqui um erro de impressão. Tarso deve ter querido dizer "Lula com os pés na lama". Possivelmente não imaginava que estaria afundado até o pescoço...

Se você é bom, cobre caro.


Excelente artigo de Kanitz na Veja:
A coragem de cobrar caro

"Se você acha que cobrar caro e ficar rico é
politicamente incorreto, doe o adicional ou
passe a trabalhar menos e volte para casa
mais cedo para curtir sua família"
O artigo completo está aqui.

Não há motivo para um excelente profissional se matar de trabalhar. Se ele puder cobrar caro, tem a obrigação de fazê-lo: isso incentivará outros a melhorarem para ganhar também. Se ele não cobrar caro, ninguém precisa melhorar: não há vantagem financeira em fazê-lo.

A mentalidade medíocre-comuno-petista brasileira só serve para incentivar a fuga dos melhores cérebros. O Brasil perde. O PT, com suas hordas de ladrões medíocres, ganha. Isso sim é que é injusto.

2006-10-20

A mais incrível perda de tempo

Continuo a ficar impressionado com a estranha falta de visão do brasileiro. Especialmente dos esquerdistas. Todos se perguntam: "Como se combate a corrupção?" As respostas vêm rápidas: "Com educação, com sistemas de controle de gastos públicos, ensinando o povo a votar..." e por aí vai. Até "especialistas" em corrupção, ONGs anticorrupção vem com essa ladainha. Estas respostas são de uma idiotia sem par. Porque não funcionam. Controles e mais controles só servem para inibir o cidadão honesto, mergulhado em um estúpido mar de burocracia. O corrupto dribla a tudo e todos. A corrupção é crime. Como crime tem que ser punida. Se a lei não pune, as cortes não condenam à prisão, tudo o mais é irrelevante. O brasileiro diz que punir é feio, que pode-se pegar um inocente por engano, todo mundo está de armação...

Existe Lei? Que se cumpra. Não existe Lei? Bom, aí... podem ficar perdendo tempo. Até aconselharia a não publicar mais nada no jornal. Para quê? Nada vai acontecer. Em vez de usar árvores para publicar os desvios dos petistas podemos manter as árvores para fazer um parque ecológico.

Vou tentar explicar mais uma vez, para ver se o pessoal entende: Se a lei pune, as chances de um corrupto ser preso são altas e este tem a sua ação inibida. Ponto. Pro inferno todo mundo que pensa diferente.

Não teríamos um presidente fazendo apologia ao crime se este pequeno detalhe funcionasse.


2006-10-19

Enquanto isso, na previdência...


Pessoal, vejam isso que recebi por e-mail. Vale a pena, vejam que descarado! Espalhem!


Enquanto isso, tem gente que sobrevive com 1 salário mínimo.

Como diz a propaganda "deixa o homem 'trabalhá'".

Entrem em www.previdenciasocial.gov.br depois entrem no link *BENEFÍCIOS* (á esquerda) e depois: *Extrato de pagamento de beneficios*.

Uma vez lá, entrem com o seguinte número de beneficio:

1025358780 e data de nascimento: 06/10/1945

Vocês vão cair de costas com o nome que vai aparecer em: *

Nome do Segurado.*

Valor líquido do seguro por uma deficiência que não impede uma pessoa de trabalhar****


Como diria o próprio, "Dinheiro de pinga!"

2006-10-17

Minha resposta... Economist Lulou.


A minha resposta... desculpem a demora, estava destacando cupons... (leia este post antes: aqui para entender melhor o problema.)



Dear Mr Unger,

It is in many ways difficult to fully comprehend the intricacies of a foreign culture. Even if we take away language as a deterrent to that knowledge, so many entrenched costumes and ideas will remain hidden that even a lifetime cannot suffice to explore them all.

I was born in Brazil and I've lived the events that shaped the country in the last 30 years. In some sense I was even more privileged than a "pure" local, having had contact with European immigrants, Latin Americans and North Americans with different views on the country. Remember that Brazil has always been an "odd" Latin American country, detached from and mostly ignored by the Spanish speaking world, and in many ways detached from the rest of the world.

Throughout its history, Brazil seems to have been riddled by government decisions that defy the most basic good economic sense. Those decisions, however, seemed always to have in common the implicit concept that "Brazil is different" or "Brazilians are smarter". Although those odd decisions provided endless research ground for economists and historians, they were a continuous hindrance to the economic development of the country. Just as an example, in the eighties the military government decided to forbid all imports of electronic components. It is quite obvious that this decision prevented the development of the electronic industry in Brazil, as well as had several other dire consequences, like stimulating smuggling and illegality. As the world went into the digital era, the country was left behind by errors of judgment. A gap of more than ten years had to be bridged again in the nineties.

In hindsight perhaps the direst consequence of the military government was the widespread idea that politics were either dangerous or corrupt.

Post-military politics was populated by the leftist dissidents and the former pro-military loyalists who rapidly became pro-democracy. The Left had as a fundamental motto that everything connected with the military was bad, therefore their opponents would be a better alternative. It also relates to another interesting characteristic of Brazilian politics: conscious people tend to vote against the worst, instead of voting for the best. It is an eternal fight to avoid disaster.

Nurtured during the military rule, the PT ("Workers" Party) was the direct result of the "If it's against the military it's good" mindset. The party originated from the unionism of the richer southeast. Fueled by resources which came from voluntary contributions of affiliates and, more importantly, illegal resources channelled through catholic charities originated from syndicates in Europe, the young Lula immediately noticed his amazing ability to communicate with people with simple minds. It was by promising salary increases to workers who were already earning much by Brazilian standards that the sabotaging of international investments in Brazil began. The German unions were exhilarating with Lula's success: investments in Brazil were reduced and the German workers kept their well paid jobs for much longer. From the point of view of the richer Brazilian workers Lula was also well regarded: their average income increased as well. It was the beginning of the incredible corrupt machine assembled by PT's masterminds, channelling resources from workers, new federal legislation, charities and foreign unions, as well as pay-offs from the companies themselves, which couldn't afford the longer strikes. PT's masterminds (among them Mr. José Dirceu, whose history is even less pleasant) viewed Lula as an incredibly valuable asset. Taking over the country was the next logical step for them.

And to take the country they tried. Unfortunately for them, their first attempts were unsuccessful. Their Marxist radical discourse scared many people, unintentionally helping to elect Collor, a newcomer to the Brazilian national politics. "Maharajahs Hunter" was his political motto, appealing enormously to the poor.

The PT noticed that they would not be able to win national elections by simply relying on their favorite ghettos: São Bernardo and University of S.Paulo. A wider alliance was necessary and a concerted effort to oust every government which was not their own. The constitutional impeachment of Collor can be largely attributed to their mobilization against him, and to the widespread discontentment with his economic measures (Collor plan).

In an unexpected twist, Fernando Henrique succeeded as a minister to curb inflation and as a result he was elected president. There is no doubt that Brazil improved tremendously, due mostly to the economic stability and the enormous effort of the government to provide school for every child in Brazil. Consumption of animal protein increased 3 fold. PT continued working behind the scenes and became a formidable force against his government, opposing systematically every necessary measure taken, paying no attention to economic consequences. PT's interest to increase the number of state owned companies and number of public servants became clear. Fortunately the government succeeded in selling the hugely inefficient telecoms company triggering an unmatched wave of prosperity and foreign investment. PT's leaders were furious as Fernando Henrique's successes became more apparent.

Mobs were mobilized to intimidate the government in many ways. As an example, the MST, intimately connected with the PT, invaded Fernando Henrique's farm with the aim to personally intimidate the president. PT relied more and more on their unionist methods, noticing that it was much cheaper to bribe poorer people, at the same time negotiating with the government to keep their stirred up unrest to a tolerable level.

Since the beginning the PT has sold the idea that the party was going to turn Brazil into a terrestrial paradise, by mitigating social injustice, which according to them was caused by the rich and by government incompetency. Many idealists bought into that idea, generating a formidable army of party's agents that infiltrated in the public services and in the press. Books were written to raise the importance of Lula in the mind of the children. Otherwise shady historians taught the uninformed masses that democracy was an invention of the PT and Lula.

If not everybody bought into the story of who invented democracy, a second fallacy was better accepted: the PT as being the solution to the endemic corruption in Brazil. Lula was carefully shielded from contact with the media, as well as was prevented to have any assets in his name. It became famous that he lived for decades in "borrowed" homes, just to keep the impression he is a humble poor guy. His daughter lived in Europe for years, sponsored by friends with money of unknown origin. If the public perception of a poor Lula changed in any way, PT would stand no chance to win elections. The shielding was effective. Lula would only resurface before general elections, disappearing shortly after. His image was intentionally preserved from public scrutiny.

Shortly before the 2002 elections, PT's image was to be severely tarnished by an unexpected event: the PT mayor of the city of Santo Andre was murdered in very suspicious circumstances. During initial investigations it was uncovered that there were dodgy deals in the city and that the mayor himself used to carry cash back to the PT. Strangely enough, no less than six people died related to that crime. Five were direct witnesses and one was a medical examiner working in the case. At that point of time, PT had to keep its image of a clean political party to guarantee peoples' sympathy and to win elections. Relatives of the murdered mayor confronted PT officials demanding the truth about the perpetrators and had later to flee the country under anonymous threats.

Everything changed after the party has secured a firm grasp in the cash producing mechanisms of the state. Many times it has been said that the institutions would avoid misuse of public resources, but after 2002 elections it became clear that misuse of federal resources was more due to the personal decency of Fernando Henrique than to any institutional mechanisms. To start with, PT nominated 30,000 of his fellow "companheiros" to key administrative areas, people with absolutely no qualifications. These people alone cost the Brazilian public 800 million reals per year in direct costs only, according to a recent number given out by Mr. Alckmin. More importantly, these key officials guarantee that public office is controlled by the party. PT started then the large scale buyout of congressmen, going again back to the methods learned in the unionism.

Once caught in literally hundreds of dirty dealings, amounting billions of reals, the officials of the PT changed their speech: now it was "Ok, we are not clean, but everyone steals as well". From that moment on, stealing became accepted practice and it became evident that the judicial system was totally incapable of dealing with higher level corruption, either because of direct influence by the executive power or because of the incredibly inefficient court system. To make matters worse laws protect elected officials from prosecution, except in extremely limited cases.

Brazilian judicial system is a disaster that comes out of the same "what's good for the military is bad for you" idea, spread by the left leaning parties. It has gotten to the point of preventing punishment, almost as if it were to protect political dissidents of being relabeled as convicted common criminals. Another commonly spread idea, carried forward even by Lula himself, is that criminals are just poor people that had no options in life but crime. Unsurprisingly, crime is on the rise, bringing criminal organizations to profit from this chaos, such as PCC. Leaders of the PCC came forward even recommending their affiliates to vote for Lula. More than one congressman is related to PCC. They oppose Alckmin's PSDB, for they've been tough on crime, to the limits imposed by the very soft legal system.

For whoever reads the news and has some critical judgement, the events related above will make sense and most of them are well documented. Some Brazilian publications are however hostages of the Federal Government, either because they heavily depend on official publicity or because they have tremendous debts with the taxation office. Those will show a totally different view: the official ever shifting story. I would recommend you to read the last 4 years of the weekly magazine Veja and see by yourself what a sorry service the PT is doing to democracy and to the economic development of the country. To prevent criticism they try to shut down all voices by labelling them "prejudiced". Brazilians tend to joke about everything, picking on the politicians with enthusiasm. The joke about Lula being unable to speak English is however much closer to the truth than we would like. Lula spent 20 years of his life doing nothing except preparing himself for public confrontation. He failed however to learn proper Portuguese, let alone English. His speeches consist mainly of evasive maneuvers and pitiful comparisons, mainly related to soccer, well to the taste of the uninformed masses. His aides know that he is unable to read a 4 pages resume of the national and worldwide news provided to him, so much that he demanded that the clippings be reduced to 2 pages. He proudly claims that he never read a book in his life.

I don't say that PSDB is the perfect political party, but what has been done by the PT has absolutely no parallel in Brazilian history. Again, conscious voters try to avoid catastrophy.

Even if Lula is not reelected, the next president will have a formidable problem in his hands: get rid of all the artifacts planted by the PT throughout the government, make sure the Judiciary is functional and improve the image of Congress, to name a few. We would indeed be prejudiced if we said bad things about Lula just because he came from a humble background. We say bad things about him because we know Lula and his party quite well by now and it's absolutely clear what he represents: a tremendous force pushing Brazil backwards and actively promoting corruption and ignorance.

Regards,
Paulo Zappi

2006-10-15

Lulou, sim...

Claro que não iam publicar. Entretanto recebi uma resposta do próprio Unger:

Dear Mr Zappi,

Thanks very much for your letter about my interview. I am not Brazilian, but I have been living in Sao Paulo for the past four years, and I can assure you that the prejudice against Lula is still very much alive. I was recently asked to give a palestra at a company here and was given a fake photo of Lula in the UK signing a guest book. The inset showed him writing "Da book is on da table" or something like that. That's just a graphic example of the snobbery I encounter often. Clearly, people are also angry at Lula because of corruption, and rightly so (although that is hardly the monopoly of the PT and its allies). But class clearly has something to do with the hostility towards him among the coupon clipping elite.

regards,

Brooke Unger
Sao Paulo Bureau Chief
The Economist


Impressionante: ele repete todos os argumentos PT-Chauísticos. Parece que fez curso no MST. Suspeito que esse negócio de "coupon clipping elite" é uma forma nova de dizer "burguês" no sentido esquerdista da palavra. Usou essa expressão para escapulir da minha reclamação de que a palavra "elite" estava mal utilizada neste contexto. O que vocês acham? Devo responder?

2006-10-12

Será que a Economist lulou?

Na Economist online, um tal de Brooke Unger diz o seguinte:

A discussion with Brooke Unger, São Paulo correspondent of The Economist

“The elite in São Paulo are passionately against Lula. This is from a combination of things... partly because the corruption that the Workers' Party engaged in is more widely known in São Paulo... and partly there remains a class prejudice against Lula, who comes from a very humble background. There is a feeling among paulistanos that he is not worthy to represent Brazil.”


Ouça a entrevista aqui. Às vezes sinto um desânimo quando vejo algo assim: a Economist, caindo no papo do Lula?

Decidi escrever uma cartinha para eles a respeito. Como não acho que eles vão publicar, coloco no meu bloguinho:

Brazilian elite

Sir,

As a Brazilian who left Brazil as a consequence of the lack of hope in the future of the country, I would like to make a remark about the interview of your correspondent Brooke Unger of Oct 10th. In general the interview is good. However there is a problem in some of the concepts brought up by him. There was indeed class prejudice against Lula when he assumed office. However, during the last 4 years, what has been seen in Brazil is a never ending horror tale exposing the incredibly corrupt guts of the Worker's Party (PT). The class prejudice is over. What matters now is that Lula's government is considered shamelessly and blatantly corrupt in an unprecedented scale and in all levels as is widely documented in the local media.

To make matters worse Lula tries, in his speeches, to fuel a class confrontation between what he calls "elite" and the poor. "Elite" in Lula's concept is just the shrinking middle classes, while the real "elite" is enjoying the easy profits coming from the highest real interest rates and the most outrageous spreads in the world. The middle classes currently pay real interests of around 30%/yr in personal credit and more than 80%/yr in credit card purchases.

The way your correspondent uses the words "elite" and "prejudice" shows either that Mr Unger does not understand what's happening in the country or that his definition of some words has also changed according to Lula's gospel.

Paulo Zappi - Melbourne - Australia


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Atualização:

Claro que não iam publicar. Entretanto recebi uma resposta do próprio Unger:

Dear Mr Zappi,

Thanks very much for your letter about my interview. I am not Brazilian, but I have been living in Sao Paulo for the past four years, and I can assure you that the prejudice against Lula is still very much alive. I was recently asked to give a palestra at a company here and was given a fake photo of Lula in the UK signing a guest book. The inset showed him writing "Da book is on da table" or something like that. That's just a graphic example of the snobbery I encounter often. Clearly, people are also angry at Lula because of corruption, and rightly so (although that is hardly the monopoly of the PT and its allies). But class clearly has something to do with the hostility towards him among the coupon clipping elite.

regards,

Brooke Unger
Sao Paulo Bureau Chief
The Economist

Impressionante: ele repete todos os argumentos PT-Chauísticos. Parece que fez curso no MST. Suspeito que esse negócio de "coupon clipping elite" é uma forma nova de dizer "burguês" no sentido esquerdista da palavra. Usou essa expressão para escapulir da minha reclamação de que a palavra "elite" estava mal utilizada neste contexto. O que vocês acham? Devo responder?

2006-10-10

Vai lá, Xuxu


O que pegou mesmo durante o debate foram 3 fincadas de espinha de Xuxu direto no nervo petista do Lula:

1)O Alckmin reclamou do cartão de crédito da presidença. Essa conta os brasileiros pagam sem saber o que estão pagando. Nada mais justo: Alckmin pediu para abrir o extrato do cartão. O Lula gastou nesse cartão desde Janeiro de 2005 a bagatela de R$41 milhões! Tudo secreto, claro. O bicho ficou nervoso porque sabe bem a roubalheira que está fazendo por aí.

2)Ele disse que ia vender o AeroLula e fazer 5 hospitais. O Josias de Souza reclamou, disse que era demagogia. Demagogia onde, cara pálida? Por acaso não dá para construir 5 hospitais com o dinheiro da venda do AeroLula? A população brasileira está tão bem que não precisa mais investimento em saúde? E quantas escolas daria para construir com o AeroLula?

3)Alckmin disse que o PT colocou em cargos de confiança 30.000 coleguinhas do PT e que ele ia se livrar dessa gente. O Xuxu falou que essa corja de inúteis custa R$800 milhões por ano, e isso pegou fundo na alma corrupta do Lula. Se o Xuxu enxotar esses bandidos, o PT fica sem fundilhos... ou cuecas recheadas.

Vai lá Xuxu! O Lula disse em entrevista (aqui) que o Alckmin ia jogar umas dinamites e destruir um certo edifício. É isso aí, Xuxu, demole o edifício do PT. Com os petistas dentro, bem entendido!

Folha x Estado ou Mentira x Verdade

A Folha publicou um artigo citando opiniões de "cientistas políticos", todos inacreditavelmente petistas, da USP e UnB, e totalmente desconhecidos aqui. Contraste com a declaração de Alckmin no Estado de São Paulo aqui. Em quem você acredita, caro leitor?

2006-10-09

Vejam o que acontece a quem fala a verdade

No Brasil o mentiroso foi promovido a presidente e quem fala a verdade é demitido (correção: segundo o Tambosi ele ainda está na Globo... obrigado!):

O maior mentiroso do Brasil

Lula em 2002. É só ouvir e comparar com o que aconteceu depois.

2006-10-08

Um jornalista nada isento

Esses caras que se dizem isentos... Eu não me importo se um jornalista se diz petista e comenta. O que não suporto é um que se diz isento, mas é petista. O Noblat entra nessa categoria. Olhem o que ele escreve em seu blog durante o debate:


08/10/2006 ¦ 21:28

DEBATE - Falta de aviso

Alguém precisa avisar a Lula que a câmera o mostra quando Alckmin pergunta. Quando ouve, Lula faz caras e bocas e traí sua irritação.


Continua respondendo de olho em Alckmin quando deveria responder de olho em quem está em casa.
Enviada por: Ricardo Noblat


Se ele fosse isento, estaria adorando poder ver a cara do Lula traindo sua irritação por ter que inventar mentiras porque não deu para decorar tantas... Adoraria que todo mundo visse o Lula real, o Lula irritado, o Lula nojento.

O Noblat que vá dar aulas para o seu queridinho Lula. E que exija uma prova da origem do dinheiro com que for pago...

Mais livros...

Existem alguns livros que eu considero que todo mundo deveria ler. Um dos mais importantes para mim é "1984" de George Orwell. Ele explica as técnicas tão utilizadas pelo PT de mudar de inimigo, converter inimigos em amigos e trair todo mundo com punhaladas nas costas. Explica também porque o PT é tão interessado em monitorar blogs e limitar ao máximo qualquer expressão que contrarie seus princípios, que por sinal são muito fluidos. Clique na capa para receber hoje mesmo, se você mora em uma capital do Brasil. É leitura obrigatória também porque os estrategistas do PT usam os métodos básicos aí definidos. Um outro que deveria ser lido por todo o mundo é "Revolução dos Bichos". Este não parece ter sido lido por nenhum petista: a subida ao poder e lambuzamento do partido no poder estão descritos aí como em nenhum outro relato. Lembrem-se de que Orwell morreu há meio século! Não tinha como ter conhecido o PT, mas conheceu os seus genitores... Vejam a capa do Animal Farm à esquerda: um porco e a estrela vermelha. Ilustra lindamente o Brasil de hoje.

Se alguém tiver interesse em algo mais leve, para não ter que pensar nas melecas que os petralhas estão aprontando, que tal ficção científica? Quase todo mundo assistiu ao filme "2001" de Stanley Kubrick. Ao mesmo tempo, quase ninguém leu "2001" de Arthur C. Clarke. O problema é que o filme não faz sentido algum sem que se tenha lido o livro. Todos as cenas psicodélicas do filme estão claramente explicadas no livro, que constitui uma história lúcida e visionária. Eu recomendo ler, e depois assistir ao filme novamente.

Os mais vendidos


Hoje faço uma lista com os livros mais vendidos aqui no strangemansparadise:

O Senhor Esta Brincando, Sr. Feynman?
Contra o Consenso
The Theory and Practice of Econometrics
Japanese Sentence Patterns for Effective Communication
Tenis de Mesa
Manual de Autocura

Concordo, não é a lista da Veja, mas já é um começo... Cadastrei-me como parceiro da Livraria Cultura e recebo comissão pelos livros comprados através do meu blog. Já sei, já sei, os esquerdisto-petistas de plantão gritarão: Seu porco capitalista!

Para me defender dessas acusações infundadas, disponho-me a abrir meu sigilo bancário, garantido pela Constituição. Informo com uma ponta de orgulho o que recebi em Setembro:

Quantidade de livros vendidos: 6 títulos
Total das vendas: R$ 442,86
Comissão de 4%: R$ 17,71


Vou tornar a explicar, para que fique bem claro: ganhei quase R$18 (dezoito reais) com vendas de livros neste blog. Menos que a bolsa miséria do Governo Federal. A origem deste dinheiro é clara, entretanto. Quero saber como o PT consegue tantos milhões e milhões de reais para transações espúrias. Sei que não foi recomendando livros...

Aos outros blogueiros: vale a pena se tornar parceiro da Cultura. É uma maneira rápida de recomendar os livros que vocês leram e gostaram, e ainda ganhar algum. Se o dinheiro não é muito, o fato de estar levando um novo livro para alguém já vale a pena.

Recomendarei hoje um livro que marcou a minha infância. Escondido na pele de Mafalda, o cartunista argentino Quino publicou estas tirinhas durante uma das ditaduras mais violentas da América Latina. Ninguém quis silenciar a Mafalda. Dá também um excelente presente (em Português):



Vou contar um segredinho que a maior parte no Brasil não parece entender. Se você clicar no link vai estimular a economia. Se você divulgar livros vai divulgar conhecimento, estimular o pensar e a economia melhorará ainda mais. Isso não tornará você um capitalista porco. Ajudará talvez a diminuir o burro-petismo. O Brasil agradecerá.

2006-10-07

O dinheiro sujo da turma do Lula



Encontrei no Blog do Reinaldo Azevedo esta notinha... A origem da grana suja do PT está por aparecer:


O rastro do dinheiro do dossiê fajuto

O rastro da dinheirama que iria pagar o dossiê fajuto leva às portas de dois tubarões do empresariado brasileiro. Um do setor primário. E outro mais conhecido por suas atividades no setor secundário. Com um pouco de pensamento se chega lá. Basta que se investiguem as, como vou chamar?, afinidades eletivas. Um tira onda de civilizado, mas é conhecido no meio por seus métodos, digamos, um tanto truculentos de negociar. O outro é dono de uma extensíssima folha corrida. E, pois, não menos bruto.

2006-10-05

No Brasil não há democracia

Lamento informar, mas no Brasil não existe democracia. Por quê? Porque não há separação dos poderes e não funciona o Estado de Direito. Para quem não sabe, "Estado de Direito" significa que nenhum indivíduo, presidente ou cidadão comum, está acima da lei.

Vou dar um pequeno exemplo: se um décimo do que foi publicado nos jornais brasileiros sobre o PT é verdade, o PT teria que ter sido dissolvido e o Lula teria que ter sido destituído do governo. O fato de o judiciário não ter agido faz com que toda a corrupção ocorrida neste governo tenha um impacto equivalente a histórias da carochinha publicadas em todos os jornais.

Outro exemplo: quem é que nunca ouviu que o Maluf roubou dinheiro público? Quantas vezes isso foi publicado nos jornais da Banânia? Tudo isso não gerou nenhum resultado prático: o Maluf é eleito deputado e goza de imunidade parlamentar. Mais uma demonstração de que nesse país não existe democracia. Tudo o que foi publicado sobre o Maluf perde o efeito: a lei não age.

A democracia brasileira só funcionaria se todos os brasileiros fossem honestos. Aí sim, por uma questão ética ninguém infringiria as leis. É um pouco como o comunismo: só funcionaria se o mundo fosse composto de anjos.

Só para ilustrar melhor, vamos supor que o presidente seja um ser racional. Imaginem que ele considera suas opções racionalmente, considerando os riscos e benefícios de cada uma. Notem que eu não estou incluindo moral ou ética nesta equação. Pois bem: imaginem que ele tem como beneficiar seu filho, um incompetente, mexendo os pauzinhos para ele receber dinheiro por algo que não fez. Sendo racional ele vai pesar os riscos e os benefícios de suas ações. O risco é ser preso, perder o mandato, ter seus direitos políticos cassados por tráfico de influência, ser deportado do país. Os benefícios? Embolsar uma bolada de alguns milhões.

Como ser racional que é, o nosso (hipotético?) presidente vai calcular a probabilidade de ser penalizado. No Brasil de hoje? Aproximadamente 1 em 1000. Para isso ele tem até um plano de fuga: sua mulher tem cidadania italiana. Os benefícios são certeiros. Óbviamente um bom negócio. Não há dúvida sobre qual a opção que ele vai seguir, não é mesmo?

Fico até com pena de alguns poucos bem intencionados. Há uma ONG que procura diminuir a corrupção no Brasil. O que eles propõe? Complexos mecanismos de verificação e checagem de gastos públicos que permitem a qualquer cidadão verificar as contas do governo. Para quê? Se ninguém for penalizado os criminosos podem até publicar os seus roubos na primeira página de todos os jornais. Tudo em vão. É o que está acontecendo hoje.

O Brasil não vai melhorar: os fatos comprovam. Às vezes pegam alguém para cristo. O famoso Lalau, por exemplo, é só um bode expiatório. Se aumentássemos as probabilidades de colocar os ladrões atrás das grades, a corrupção diminuiria rápidamente.

O brasileiro, com sua incapacidade crônica de entender o óbvio, continua a me surpreender todos os dias.

Continua aqui.

2006-10-04

Como (não) melhorar o Brasil

Sempre achei que dinheiro não se pode dar assim, sem nada em contrapartida. Nos Estados Unidos, o governo dá uma mesada para populações indígenas. Em alguns casos esse dinheiro é bem aplicado. Infelizmente, na maior parte das vezes é gasto em bebida. Lembro de um boteco sujo no meio do deserto na Califórnia. Perguntei aos donos de que eles viviam. A resposta veio certeira: no dia que os índios cobravam sua mesada eles iam para lá gastar tudo em bebida. No resto do mês esse boteco não faturava nada.

Não quero comparar os índios americanos aos nordestinos pobres brasileiros. O fato é que receber uma 'mesada' sem contrapartidas não pode ser positivo a médio prazo. É dar o peixe sem ensinar a pescar. No caso do PT é suborno, pura e simplesmente, para votar no grande líder garanhúnico. É o PT corrompendo diretamente milhões de brasileiros. É mais um crime contra o futuro do Brasil.

Não sou contra aumentar a renda dessa pobre gente. Entretanto, esse dinheiro pode e deve ser utilizado de maneira a melhorar a economia e o nível humano. Uma sugestão simples: em vez de simplesmente dar o dinheiro, por que não pagar só a quem fizer um exame? Sim, uma provinha de conhecimentos básicos. Nada muito complicado, leitura, aritmética básica, essas coisas. Obrigaria as pessoas a estudar para receber a "mesada". O estigma de receber esmola desapareceria e, no seu lugar, uma sensação de missão cumprida, satisfação pessoal. Até imagino a solidariedade dos vizinhos, ajudando um ao outro para garantir que todos passem na provinha. Algumas questões sobre planejamento familiar seriam bem vindas. O Brasil agradecerá, com certeza.


Foto: Economist - Clique na foto para ler a reportagem


2006-10-03

Tem gente que acha que pode tudo...


De vez em quando nos deparamos com pessoas que acham que podem dizer e fazer o que der na telha. Desse jeito mesmo, sem levar em consideração a lógica ou os fatos. Simplesmente dizem uma coisa e depois se contradizem, na cara dura. Quem ouve fica se perguntando qual a opinião real desse cujo caráter flutua como as algas marinhas sob as ondas.

Consideram talvez a flexibilidade uma virtude? A adaptabilidade um bem? Acreditam que podem confundir e ludibriar à vontade? Alguns até se auto-denominam "sobreviventes". A mentira faz parte da sua lógica tergiversada, de sua estrutura mental.

Já sabem de quem falo? Pois sim, há muitos exemplos. Ora pende para um lado, ora oscila para o outro. Caráter? Algo inútil, não serve... ele acha que o consideram "isento". Não é. Ele sabe a quem defende e faz de tudo para confundir. Não respeita ninguém, na verdade está rindo de todos.

Este tipo de pessoa costuma vir de baixo e vai galgando espaço através da mentira: a mais conveniente para cada momento. Não há problema. Quando são descobertos, costumam voltar para o lugar de onde vieram.

2006-10-02

Parabéns


Gostaria de dar os parabéns a todos os que batalharam para desqualificar os cleptopetistas. O Estadão deste domingo (1/OUT/2006) publicou um excelente editorial (clique aqui).

Quero só dizer que tudo isto não é suficiente. Lembrem-se que o Lula ainda não perdeu. A situação é ainda pior: o Lula quase foi eleito em primeiro turno. O Congresso continua não sendo flor que se cheire. Há muito por fazer. A prioridade agora é tirar a corja petista do Planalto.

Os petistas vivem falando mal de Fernando Henrique. Eles criticam especialmente as privatizações. Sabem onde estaríamos agora sem a privatização das Teles? Vocês tem uma idéia do bando de parasitas que a Telesp e Telebrás alimentaram devido à própria ineficiência e usando dinheiro público? Se o governo tivesse pago para que alguém assumisse estes monstros, ainda assim o Brasil estaria lucrando. Leia Tristes memórias de um País sem telefones. Ainda lembro de tudo isso. É bom ter argumentos contra os petralhas, que estão com um discurso cada vez mais insidioso.

A respeito de lei e corruptos, o Bira deu uma dica interessante neste post: (clique aqui). Vale a pena ler.

A Luta continua. Queremos os corruptos presos.

2006-10-01

Estadão - Editorial


Publicado no dia 01/Outubro/2006
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Dever cívico

As eleições de hoje são o ponto culminante da mais longa campanha eleitoral de que se tem notícia no Brasil. Desde 1º de janeiro de 2003, quando assumiu a Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva não deixou, um dia sequer, de se dedicar à campanha para a reeleição. Tudo o que fez, durante seu governo - a começar pelos discursos de cada dia -, teve como objetivo esticar o mandato por mais quatro anos - seus companheiros de copa e cozinha ainda alimentam planos para ficar pelo menos 20 anos no poder. O preço dessa ambição tem sido caríssimo para o Brasil.

Nestes quatro anos, não houve Poder que ficasse imune ao processo de desmoralização das instituições levado a cabo pelos companheiros que Lula colocou em postos-chave para executar o plano de conquista e manutenção do poder. O achincalhe chegou à ante-sala do presidente, no Palácio do Planalto, tomou de assalto Ministérios, invadiu o Congresso e respingou no Judiciário. A tudo isso o presidente Lula assistiu, impassível. Quando muito, classificou os crimes capitulados em lei, cometidos por mensaleiros, sanguessugas e gente da mesma laia, como “erros”, pequenos percalços corrigidos com um puxão de orelha.

À lassidão moral que tomou conta das instituições somou-se o entorpecimento das consciências. Embora o presidente Lula seja, de fato, o maior comunicador de massas que já surgiu na política nacional, por si só essa qualidade não bastaria para mesmerizar a maioria dos eleitores, a ponto de cegá-los para os escândalos, a corrupção e o mau desempenho administrativo do governo petista. O que, decisivamente, consolidou e ampliou a popularidade de Lula, conquistada pelos bons resultados da política monetária em termos de controle da inflação e da política de assistência social, foram as “bondades” praticadas com largueza com o dinheiro público - sendo o melhor exemplo disso o próprio Bolsa-Família, que triplicou neste ano eleitoral o número de beneficiários.

Esses fatos marcam a diferença entre o pleito de hoje e as circunstâncias que cercaram as eleições de quatro anos atrás. Em 2002, o presidente Fernando Henrique comportou-se como um magistrado - o que Lula, então, teve de reconhecer. Não transigiu com a austeridade fiscal e administrativa que era a sua marca desde que implantou o Plano Real, como ministro da Fazenda. Não colocou nem permitiu que se colocasse a máquina administrativa a serviço dos candidatos de seu partido. Enfim, deu à democracia brasileira um vigor e uma profundidade sem precedentes. O resultado foi o nivelamento das oportunidades eleitorais, o que permitiu que o eleitorado - que ansiava por mudanças, desde que feitas no quadro da estabilidade - se voltasse para a candidatura de Lula, que meses antes da eleição havia abandonado o programa radical do PT, comprometendo-se com a continuidade da austeridade fiscal e monetária.

Quatro anos passados, do aperfeiçoamento das instituições, das reformas estruturais, da modernização do Estado para colocá-lo a serviço da população, e não de um grupelho que dele se serve, disso tudo só restam, quando muito, alguns resquícios. Os vícios político-eleitorais, que se acreditava expungidos da vida pública, voltaram revigorados.

É contra esse estado de coisas que os brasileiros devem reagir - hoje, nas urnas.

Nas últimas semanas, sempre que surge um fato política e moralmente desabonador para o candidato à reeleição e seus “meninos aloprados” - e tais fatos abundam -, eles, Lula à frente, têm denunciado que está em marcha um plano golpista para negar-lhe um segundo mandato. Inebriado pela sua popularidade, o presidente age como se tivesse direito divino a um outro período de governo. Nem ele tem esse direito nem há golpismo no ar - a não ser na nem um pouco ingênua imaginação dos estrategistas do projeto de poder do PT.

O presidente Lula, cuja eleição de quatro anos atrás foi um sopro de esperança de renovação da vida política nacional, hoje é, por ação e omissão, o grande responsável pela desmoralização do Congresso, pela politização da máquina administrativa e pela crescente repulsa da sociedade pela atividade política.

É contra isso que é preciso resistir. Ao contrário do que afirma o presidente Lula, para justificar a bandalheira de seus “meninos”, nem todos os políticos são iguais e nem todos os partidos são semelhantes. Hoje é dia de o eleitor consciente exigir a volta da ética na política e da probidade na administração.