2007-05-27

Igualdade dos desiguais

Somos todos iguais perante a lei. O voto de um ignorante vale tanto como o de um cientista famoso. Já que a igualdade é uma coisa tão positiva, por que então não igualamos a todos? Por que não fazemos com que todo mundo ganhe um salário igual? Não seria mais justo? Não teríamos que perseguir esse nobre objetivo?

As pessoas não são iguais. Uns são mais bonitos, outros mais feios. Uns são mais inteligentes, outros mais burros. Uns são mais fortes, outros mais fracos. Uns tem mais coordenação e outros são mais desajeitados. Uns são trabalhadores, outros preguiçosos. Há uma tremenda variabilidade nas características pessoais. O resultado final é que algumas pessoas valem mais e outras valem menos.

Essa é a má notícia. A boa notícia é que é possível aumentar o próprio valor. Como? Estudando, trabalhando, aperfeiçoando-se em alguma coisa que os demais sejam incapazes de fazer.

Entretanto, o mundo é injusto. Pode-se ter o azar de nascer em um lar pobre, ter que trabalhar e estudar ao mesmo tempo, batalhar muito mais para conseguir a mesma coisa que alguém que nasceu em um ambiente rico.

Aqui vai mais uma boa notícia: os melhores dão lucro. Sim, isso mesmo: lucro, essa palavra tão obscena para alguns. As pessoas capazes dão lucro para si mesmas e para quem está ao redor. Como?

As pessoas de valor geram valor. Este valor pode ser traduzido em uma grandeza econômica, em dinheiro mesmo. Vamos ver um exemplo, para ficar mais fácil de entender.

Imaginem um cientista que passou a maior parte da vida estudando e no fim encontra uma cura para a malária, uma vacina. O valor gerado pela pesquisa é dividido por muitos: laboratórios fabricam e vendem a vacina, comunidades inteiras aumentam a expectativa de vida, milhões de pessoas tem o padrão de vida aumentado, ganhando e gastando mais por mais tempo. O valor criado por este hipotético cientista é imenso e ele se apropria de uma parte relativamente pequena disso tudo. Mas é regiamente recompensado, ganhando prêmios, reconhecimento, e posições extremamente bem pagas em universidades de padrão mundial. Apesar dele ter recebido uma parcela minúscula do lucro imenso que gerou, ainda assim está bem recompensado.

Agora peguemos como exemplo alguém sem valor algum, como os bandidos que morderam as turistas tchecas no Rio (foto). Esses são claros exemplos de alguém que não vale nem o feijão que comem, segundo o que diz a sabedoria popular. Entretanto a situação é pior ainda. Esses elementos reduzem o valor ao redor deles, geram prejuízos de muitos tipos. Por exemplo: denigrem a imagem do País, evitando que turistas vão ao Rio gastar dólares. Quando são presos usam dinheiro público e não geram nenhum bem, geram a necessidade de investir mais em segurança pública, não trazendo nenhum benenfício. E quando matam alguém produtivo, ainda geram mais prejuízo: o valor que essa pessoa teria gerado se permanecesse viva. O valor dessa gente não é só baixo: é um valor negativo. Em geral todo tipo de criminoso absorve valor da sociedade sem dar nada em troca. É por isso que são considerados criminosos. Políticos corruptos entram nessa categoria também.

Entenderam como funciona? As pessoas geram lucro (ou prejuízo) e este lucro é dividido entre o que gera o lucro e muitíssimas outras pessoas. Os que geram prejuízo distribuem as perdas entre muitas pessoas, mas eles ganham muito mais do que mereciam, mesmo quando estão presos.

Vamos para um caso menos extremo, vamos ver como é o balanço de lucro e prejuízo de um operário comum, ou qualquer trabalhador não especializado, um faxineiro por exemplo. Estes geram um valor pequeno, mas normalmente não recebem nem isso. A razão é que se pode substituir um trabalhador como esse por outro facilmente. Não há motivo para que este trabalhador ganhe mais, há milhares implorando para fazer o mesmo serviço.

Há duas soluções para este problema. A primeira é a implantação de alguma espécie de socialismo. Isso forçaria os salários destes trabalhadores para cima, sem nenhuma contrapartida qualitativa, punindo os empregadores e gerando aumento no custo de vida. Esta solução nunca funcionou: há que resolver o problema do trabalhador e dos milhares de desempregados.

A outra solução é o que acontece em todo o mundo civilizado: o trabalhador não qualificado busca qualificações para gerar mais valor, dar mais lucro ao seu empregador e assim ganhar mais. Isto deve ser estimulado pelo governo, que deve apoiar ações que aumentem o valor total do país. A distribuição é automática, por mérito. Estou sonhando? Em toda a Europa funciona assim. Aqui na Australia é até difícil encontrar um trabalhador desqualificado. A sua raridade acaba por aumentar-lhes o valor.

É triste perceber que no Brasil ninguém entende realidades tão simples. Desde o presidente que foi premiado por extirpar valor da sociedade, por deixar de trabalhar e forçar greves e por invasões de terra e de universidades contra inimigos políticos, até o menor dos trabalhadores desqualificados, todos acreditam que devem ganhar mais fazendo menos e pior. Isso não se sustenta. A história confirma.

Para quem acha que sou um fanático neo-liberal atribuindo lucro a cada pessoa, gostaria de lembrar uma frase do famoso comunista Karl Marx a respeito desse assunto:

"de cada um de acordo com sua capacidade e a cada um de acordo com sua necessidade"

Marx sabia perfeitamente que cada pessoa tem um valor diferente. Ele propunha entretanto roubar o valor dos melhores e repassá-lo aos vagabundos, sem contrapartida. É a admissão do roubo. Nenhuma pessoa de valor vai aceitar esse estado de coisas. Os maloqueiros, não tenham dúvida, irão delirar.

5 comentários:

Anônimo disse...

Excelente análise, Zappi. Infelizmente no Brasil adotou-se a política contrária à sugerida por você. Ao invés de se procurar agregar valor, faz-se o contrário com uma "política" social que em última análise significa subtrair (roubar) de quem trabalha sob a forma de uma carga triburária escorchante e distribuir com os inúteis sob a forma de bolsas variadas (esmolas), incentivando o ócio e a vagabundagem. Isto sem falar na corrupção generalizada que assola o país. A roubalheira é generalizada, sob todas as formas.

Anônimo disse...

Zappi,gostei do seu texto.Ele é conciso,claro e didático.
Espero que algum dia o nosso país se aproxime desta realidade que você vê na Austrália.Seria necessário que muitos fatos mudassem,que lideranças capazes de
acreditar no nosso povo conseguissem dar a ele meios para "aumentar o seu valor".
Acredito que haja uma grande parcela de brasileiros que almejam estudar e trabalhar e aperfeiçoar-se. Muitas vezes vejo que é uma tarefa excepcional,para aquele que vive em favela,que mora em barracos,se alimenta mal e passa horas em 3 ou 4 ônibus para chegar ao seu trabalho.Não são exceções,
não!
Acho que todos os brasileiros devem dar ao seu país,uma contribuição para que ele se torne um exemplo,principalmente no campo social.
Acredito que este seu post vá resultar em "lucro",tanto para àqueles que estão refletindo sobre
as suas palavras,quanto para você
que,mesmo de longe,está cooperando com a sua opinião e sugestões.
Um abraço
Lêda

Robert Alvarez Fernández disse...

Pois é, soma-se a isso tudo o quadro lamentável da educação pública que patrocina um festival de direitos e nenhum dever, com o suporte da "pedagogia do coitadinho" de Paulo Freire, que transformou a escola em uma fábrica de analfabetos e vagabundos. Ninguém, na escola, acha que precisa aprender, que precisa melhorar de vida, afinal, haverá sempre uma política "social" barata e eleitoreira, carregada de ideologia barata, pra dar vida boa a quem não se esforça. E o Estado, pai dos pobres e mãe dos ricos, segue sua incólume existência calcada no ódio ao trabalho produtivo.

Bira disse...

Caro Zappi,
Voce sabe muito bem que estes dois pobres coitados são vitimas do capitalismo neoliberal consumista.
De um lado há incentivo na procriação desenfreada, mesmo que isto leve a violência sem precedentes ou destruição de mananciais.
Do outro, a midia sufoca estas pobres mentes sedentas de consumo.
O jeito é Chaves![sap]

Anônimo disse...

Fico pensando se isso aqui (o brasil) continuar nesta marcha e se tornar mesmo um comunismo, se a esquerda for até o fim. Acho que não vai dar certo, em pouco tempo não haverá o que roubar. Muitos brasileiros só trabalham porque tem alguma esperança e ilusão, apesar do governo desestimular todo empreendimento, no dia em que não houver nada a perder nem a ganhar, todo mundo ganhando bolsa esmola, este lugar vai se transformar na maior concentração de mendigos e vagabundos do planeta.