Um amigo fez uma previsão, alguns anos atrás: a Internet causaria um renascimento das artes e das ciências. Estava bem claro que nunca foi antes tão fácil ter acesso ao conhecimento humano e às maiores manifestações artísticas sem precisar sequer sair de casa. Os maiores pensadores da humanidade estão a alguns clicks de distância.
Foi um engano. A imensa popularidade de sites inúteis e de variadas manifestações da ignorância coletiva atestam. Alguns usam a Internet para evoluir, mas são proporcionalmente ainda menos do que os que apoiavam Galileu, em épocas e lugares onde a igreja católica exercia seu poder absoluto e tirano.
Talvez o início da Internet tenha contribuído para a superficialidade. Textos curtos e rápidos substituíram ensaios mais extensos. Desenhos e fotos mal podiam ser transmitidos, devido à lentidão de acesso. Um vídeo? Nem pensar. Cartas cuidadosamente escritas e revistas cederam o lugar a incrívelmente rápidos e-mails de uma linha.
Nada serve como pretexto agora: milhões de textos, livros, videos e fotos podem ser acessados em um piscar de olhos. Vozes mortas há décadas surgem incólumes, como se falassem agora mesmo, especialmente para o ouvinte. Interpretações musicais magníficas estão disponíveis em um segundo. Ainda assim, quanto mais elaborada a manifestação da inteligência humana, menor a sua popularidade.
Não é só em terras bananeiras que esse fenômeno ocorre. Acho que a atração pela ignorância é um fenômeno universal. Entretanto o isolamento causado pela língua Portuguesa torna essa situação ainda mais empedernida, cristalizada. É o problema de lugares como o Nepal e Bangladesh.
Por quê será que a estupidez atrai tanta gente? Eu tenho uma teoria. É porque o ignorante sempre tem certeza, enquanto o sábio sempre duvida. Quem pensa é visto como vacilante pela massa ignorante, que prefere a certeza estúpida. O muçulmano que amarra bombas em si mesmo tem certeza que irá ao céu, e que enontrará doze virgens esperando por ele. O católico tem certeza da virgindade da "virgem" Maria. O judeu está certo de que não pode acender a luz no Shabat, ou coisas terríveis acontecerão. O conforto da certeza não tem rivais: quem troca o certo pelo incerto?
Quem pensa troca o certo pelo incerto. A certeza cega não serve a quem sabe usar a cabeça. Sem incerteza, não há progresso, não há Ciência.
Um ponto entretanto distingüe a sabedoria da ignorância. A Ciência sempre baseia seu progresso na experimentação e na observação. Não pode lançar dogmas obscuros, é obrigada a basear o que sabe no que acontece na realidade. E é olhando para a realidade que se progride. Como disse Galileo Galilei:
Ainda há esperança entretanto. Até a eleição de Lula tem um ponto positivo: muita gente terá que se organizar para confrontá-lo, e confrontá-lo com realidade e inteligência. Eu devo a ele o fato de estar escrevendo estes textos. Não espero que ninguém aprenda nada com eles mas gosto de pensar que eles abrirão o apetite a mais conhecimento, em um país que está intelectualmente na escuridão profunda das certezas eternas.
Para finalizar e para ilustrar a força da Internet e da inteligência humana, termino com um link para uma aula ministrada por Richard Feynman na Nova Zelândia, a respeito da teoria quântica. Notem quantas incertezas ele demonstra ao longo da explicação e ao mesmo tempo como baseia tudo em fatos. É refrescante saber que a semente da sabedoria continua viva. Este é o mesmo Feynman que causou fúria e indignação quando disse que "No Brasil não se ensina Ciência" - clique aqui.
A realidade pode ser dolorosa, mas só através dela é que o progresso ocorre.
Clique aqui para uma magistral aula de Ciência.
Foi um engano. A imensa popularidade de sites inúteis e de variadas manifestações da ignorância coletiva atestam. Alguns usam a Internet para evoluir, mas são proporcionalmente ainda menos do que os que apoiavam Galileu, em épocas e lugares onde a igreja católica exercia seu poder absoluto e tirano.
Talvez o início da Internet tenha contribuído para a superficialidade. Textos curtos e rápidos substituíram ensaios mais extensos. Desenhos e fotos mal podiam ser transmitidos, devido à lentidão de acesso. Um vídeo? Nem pensar. Cartas cuidadosamente escritas e revistas cederam o lugar a incrívelmente rápidos e-mails de uma linha.
Nada serve como pretexto agora: milhões de textos, livros, videos e fotos podem ser acessados em um piscar de olhos. Vozes mortas há décadas surgem incólumes, como se falassem agora mesmo, especialmente para o ouvinte. Interpretações musicais magníficas estão disponíveis em um segundo. Ainda assim, quanto mais elaborada a manifestação da inteligência humana, menor a sua popularidade.
Não é só em terras bananeiras que esse fenômeno ocorre. Acho que a atração pela ignorância é um fenômeno universal. Entretanto o isolamento causado pela língua Portuguesa torna essa situação ainda mais empedernida, cristalizada. É o problema de lugares como o Nepal e Bangladesh.
Por quê será que a estupidez atrai tanta gente? Eu tenho uma teoria. É porque o ignorante sempre tem certeza, enquanto o sábio sempre duvida. Quem pensa é visto como vacilante pela massa ignorante, que prefere a certeza estúpida. O muçulmano que amarra bombas em si mesmo tem certeza que irá ao céu, e que enontrará doze virgens esperando por ele. O católico tem certeza da virgindade da "virgem" Maria. O judeu está certo de que não pode acender a luz no Shabat, ou coisas terríveis acontecerão. O conforto da certeza não tem rivais: quem troca o certo pelo incerto?
Quem pensa troca o certo pelo incerto. A certeza cega não serve a quem sabe usar a cabeça. Sem incerteza, não há progresso, não há Ciência.
Um ponto entretanto distingüe a sabedoria da ignorância. A Ciência sempre baseia seu progresso na experimentação e na observação. Não pode lançar dogmas obscuros, é obrigada a basear o que sabe no que acontece na realidade. E é olhando para a realidade que se progride. Como disse Galileo Galilei:
"Parlare oscuramente lo sa fare ognuno, ma chiaro pochissimi."Isto não mudou absolutamente nada nos dias de hoje.
(Falar de forma obscura todo mundo sabe, mas de forma clara pouquíssimos conseguem.)
Ainda há esperança entretanto. Até a eleição de Lula tem um ponto positivo: muita gente terá que se organizar para confrontá-lo, e confrontá-lo com realidade e inteligência. Eu devo a ele o fato de estar escrevendo estes textos. Não espero que ninguém aprenda nada com eles mas gosto de pensar que eles abrirão o apetite a mais conhecimento, em um país que está intelectualmente na escuridão profunda das certezas eternas.
Para finalizar e para ilustrar a força da Internet e da inteligência humana, termino com um link para uma aula ministrada por Richard Feynman na Nova Zelândia, a respeito da teoria quântica. Notem quantas incertezas ele demonstra ao longo da explicação e ao mesmo tempo como baseia tudo em fatos. É refrescante saber que a semente da sabedoria continua viva. Este é o mesmo Feynman que causou fúria e indignação quando disse que "No Brasil não se ensina Ciência" - clique aqui.
A realidade pode ser dolorosa, mas só através dela é que o progresso ocorre.
Clique aqui para uma magistral aula de Ciência.