2007-10-29

Nossas matas são mais verdes

Mas nossos jornalistas são mais burros. Na Folha de domingo Elio Gaspari disse o seguinte, referindo-se às polêmicas declarações do governador do Rio, Sérgio Cabral:
Em 2000, o número médio de filhos nas favelas cariocas (2,6) era superior ao dos outros bairros do Rio (1,7), mas ficava próximo da estatística nacional (2,1). Quem acha que o problema da segurança está na barriga das faveladas, deve pensar em mudar de planeta. A taxa dos morros do Rio é a mesma do mundo. Nos anos 70, muitos sábios sustentavam que o Brasil precisava baixar sua taxa de fertilidade (5,8) para distribuir melhor a riqueza. Passou-se uma geração, a fertilidade caiu a um terço (1,9) e o índice de Gini, que mede as desigualdades de renda, passou de 0,56 para 0,57, chegando ao padrão paraguaio. Nasceram menos brasileiros, mas não se reduziu o fosso social.
O que Gaspari não entende, e eu faço questão de explicar, é o seguinte:

Se os miseráveis tem mais filhos que os ricos, a distribuição de renda piora. É o que acontece nas favelas cariocas. Como é que ele quer que o índice de Gini melhore? Para quê esse tapado quer mais miséria? Não sei responder. Nossas matas são mais verdes, nossos campos tem mais flores, mas nossos jornalistas deveriam ir para a escola. Primária.

2 comentários:

Bira disse...

Certas pessoas, não se sabe a razão, defendem a destruição total dos recursos naturais e não explicam, alguns culpam Deus.
Outros, nem se importam se a situação levar a uma ditadura ou conflito armado.
Gente assim opina e dão ouvidos.
Dá ou não um certo desespero?

Eduardo Bernasconi disse...

Zappi, só você para colocar esta questão que eu chamo de “paternidade responsável” com tanta clareza.
Faz tempo que vejo em teu blog as opiniões a favor da legalização do aborto de pessoas esclarecidas, teus leitores. Não podia ser diferente. É meio como chover no molhado. Ninguém com dois dedos de frente discute esta questão. Mas, e os pobres, os ignorantes, os católicos e o governo?
Em minha opinião o governador do Rio de Janeiro prestou um grande serviço à sociedade declarando sua opinião sobre este assunto que resultou, claro, em uma discussão ampla. Ele sabe que os próximos governantes terão que lidar com superpopulação desvalida, por dizer algo elegante. Os que são contra como Elio Gaspari, ao serviço de não sei quem, não entendem que já passamos da lotação faz tempo e que os índices só refletem a aceleração (+ ou -) do crescimento populacional irresponsável. Não entendem também que a distribuição de renda não se dá apenas pela redução da taxa de crescimento. Um dia talvez!
Já é pesado demais lidar com tanta gente que não trabalha e não consegue se candidatar a uma vida digna. Não é mais fácil porque o número cresce menos.
Você sabe como penso, e é por isso que agora estou gostando desta briga. Tudo, absolutamente tudo o que hoje é considerado crítico no mundo – aquecimento global, violência, ecologia, responsabilidade social e outros desafios – está relacionado com superpopulação. Espero não ser mal interpretado.
Não será esta discrepância de pensamentos parte da evolução Darwiniana? Ou seja, vamos comer uns aos outros até que sobrem os melhores – ops! Digo: melhor adaptados ao meio ambiente que nos espera.
Um abraço
Eduardo