2006-11-30

Divino engodo

Acabo de ler o mais novo livro de Richard Dawkins, "The GOD Delusion" que em tradução livre seria algo como "O Divino engodo". Com seu estilo fluente, Dawkins rebate magistralmente todos os argumentos oferecidos pelas religiões contra o ateísmo, e defende que se proíba o ensino religioso a crianças. De acordo com Dawkins, uma vez que dogmas são inseridos na inocente mente infantil, são muito difíceis de erradicar. Ele lembra como a ingenuidade das crianças aceita facilmente o que os adultos lhe dizem, por mais inverossímil que seja. A "fadinha dos dentes" ou o "Papai Noel" são exemplos da credulidade infantil.

O ponto realmente polêmico é quando Dawkins quer que dogmas religiosos impostos a crianças sejam vistos como casos de abuso infantil. Através do livro encontramos diversos casos impressionantes, um dos quais é o sequestro de Edgardo Mortara, de seis anos de idade. Ele foi levado pela polícia papal em 1858 porque chegou ao conhecimento da Inquisição que Edgardo tinha sido batizado por uma babá. O "batismo" consistiu em jogar um pouco de água na cabeça do pobre Edgardo, enquanto dizia as palavras mágicas: "eu te batizo... blablabla". Edgardo era filho de pais judeus. A polícia papal não admitia que um cristão (Edgardo após o "batismo") pudesse viver com judeus (os pais de Edgardo). A história é tão estapafúrdica, tanto do lado cristão como do judeu, que tende-se a dar razão a Dawkins sobre o abuso que a religião representa quando intervêm em assuntos em que não deveria opinar.

Acredito que o livro é provavelmente ainda mais interessante para quem discorda ou não concorda completamente com o autor. Os seus argumentos são cristalinos e é realmente difícil rebatê-los.

Já saiu a tradução para o português! Chama-se "Deus, um delírio" e pode ser comprada na Livraria Cultura (clique na capa abaixo).



Nesta mesma linha vale a pena ler de Carl Sagan o fantástico "O mundo assombrado pelos demônios". Clique abaixo para comprar na Livraria Cultura.


2006-11-26

Ilusões e café

Johan Sebastian Bach viveu no século 18. Aparentemente foi religioso e conservador, além de ter tido um montão de filhos. Algumas de suas cantatas descrevem, obscuras, as alegrias de carregar a cruz e morrer para ir ao paraíso. A "Paixão segundo São Mateus" tem algumas das árias mais maravilhosas da história da música ocidental, inspiradas no sofrimento de Jesus.

Algumas cantatas são levezinhas, no entanto. Uma bem intrigante é a "Cantata do Café".

"O que você imagina quando ouve a cantata?" - pergunto a um amigo

"Eu vejo os camponeses plantando café, e vejo uma dança na aldeia... " - responde ele, ingenuamente.

Entendo alemão: não é essa a história da cantata. Nem poderia ser: café não era plantado na Europa, sendo importado provavelmente da Arábia. Devia ser um produto de luxo na época. A história é a de um velho (Schlendrian) que mora com sua filha (Liesgen). Schlendrian está furioso porque Liesgen bebe todo o café. Resmunga e pragueja. Liesgen, toda doce, diz para o pai não ser tão severo. O pai ameaça proibí-la de passear. Ela diz que não se importa desde que possa tomar café. O pai vai aumentando as ameaças, e ela vai aceitando tudo, não olhar pela janela, não ter vestidos, nada de jóias... aí, em um lampejo, Schlendrian diz que não deixará que ela se case enquanto ele viver...

A "pobre" Liesgen cede... sim, um homem! E aceita parar de tomar café se o pai lhe conseguir um marido. Parece que Schlendrian estava mesmo farto e saiu imediatamente para a cidade para arranjar um marido naquele mesmo dia.

Liesgen, marota, confidencia aos ouvintes, após o pai sair: eu não vou deixar nenhum vagabundo entrar nesta casa se não se comprometer a me deixar tomar café quando tiver vontade. E por escrito...

A parte final pergunta: se o gato não deixa o rato em paz, por que as moças não podem tomar café? As mães adoram, as avós não se privam, quem é que vai censurar as filhas?

Adoro a ária "Ei, wie schmeckt der Coffee süße" onde Liesgen descreve como a bebida é maravilhosa.

Acho que prefiro a realidade à versão imaginada pelo meu amigo. Sei lá, camponeses alegres dançando após a colheita seriam uma imagem mais apropriada para alguém mais idealista. Beethoven acreditava que Napoleão salvaria a Europa, unificando-a, até o momento que ouviu os canhões e viu os mortos. Muito idealismo leva a decepções dolorosas.

Essa cantata parece uma fantástica peça de marketing, bem no estilo capitalista... Imagino como o café devia ser caro naquela época. Só para ricos.

2006-11-25

Porque os aloprados deveriam estar no hospício

Aloprados devem ser internados pois causam prejuízos tremendos quando soltos. Vejam o que este amigo do Lula está aprontando para manter seu povo subjugado na miséria enquanto enche os bolsos de bufunfa real (dólares de preferência).

Os amigos do Lula são realmente geniais quando se trata de roubar do povo e mantê-lo na ignorância. O espectro da fome ronda a Venezuela. Inexoravelmente, a América Latina se aproxima à miséria africana.


Transparência total

Há gente que não precisa ser decifrada, cujas palavras são francas, sem subterfúgios.

Qualquer ser humano com uma certa sofisticação desconfia de uma fala demasiado óbvia. "Não pode ser, deve haver algo por trás do que foi dito." Esta desconfiança é natural, e mais ainda quando ouvimos um político dizer algo. Estamos acostumados com personalidades públicas dizendo "A" quando na verdade estão pensando "B"...

Há casos entretanto que desafiam o bom senso. Acreditamos que certos níveis de desfaçatez são impossíveis. Mais uma vez, a realidade supera a ficção, e temos que escolher entre simplesmente ignorar o que alguém diz ou interpretá-lo literalmente.

Ignorar o que o mandatário-mor da república diz é, para dizer o mínimo, imprudente. Mesmo que estivéssemos diante de um completo oligofrênico, o cargo que ocupa nos forçaria a ouví-lo.

Quando vi isto (veja aqui) decidi que deveria dissecar o discurso para melhor entendê-lo. Nem sequer é um discurso muito longo... está aqui:

"Quando a gente é governo, tem que fazer as coisas...
Aqui Lula deixa bem claro que quando era oposição não faziam nada, ou melhor, faziam o que dava na telha deles, como incentivar os sem-terra a invadir a fazenda do Fernando Henrique só para destruir e fazer xixi nos móveis da sala. Outras coisas que eles faziam era proteger os criminosos e aprovar leis que hoje tem como conseqüência a instalação de verdadeiros 'call centers' em presídios com o único objetivo de extorquir e fazer chantagens. Agora, quando tenta fazer 'coisas' como abrir sigilo de caseiros usando a máquina do Estado eu me pergunto: será mesmo prudente deixá-lo fazer 'coisas'?
...e ao tentar fazê-las, a gente se depara com uma série de obstáculos que são naturais de um regime democrático. Ou seja, você se depara com as leis,...
Neste ponto Lula mal tem o que reclamar. Ele e sua turma de petralhas aloprados devem ter violado a metade das leis existentes no código penal brasileiro. Basta ao rei Lula dizer que se tratavam de pequenos erros e tudo fica por isso mesmo. Se as leis não valem para quem é governo, por que se preocupa com elas? É porque quer eliminá-las para que as atividades de compra de dossiês com dinheiro ilegal sejam facilitadas, para que o transporte de numerário não contabilizado possa ser feito por via eletrônica em lugar do uso sujo e ineficiente de cuecas, para que não fiquem acusando seu filhinho de tráfico de influência. Se as leis forem modificadas, vai ficar bem mais fácil para o PT, sem dúvida. Vai poder comprar deputados sem se preocupar, nem vai precisar mais dizer que não sabia de nada. Talvez tenha perdido muito tempo do primeiro mandato tentando se esconder através de subterfúgios legais com o prestimoso auxílio de Tomás Bastos.
...você se depara com as questões ambientais, você se depara com a burocracia, você se depara com a oposição,...
Eu gostaria mesmo que ele se deparasse com alguma oposição. Se ele tivesse uma oposição coerente já teria sido expulso do país. Pensando exatamente nisso foi que a excelentíssima senhora de estrela vermelha na barriga conseguiu cidadania italiana. Ela nem vai precisar usar esse subterfúgio. Quanto a questões ambientais, no que elas atrapalham a economia? Talvez seja um problema o fato de que elas impeçam que a Amazônia inteira seja derrubada para vender a madeira ilegalmente.
...você se depara com o Congresso,...
Comprá-lo não funcionou e tem ainda alguns deputados e senadores que realmente chateiam com suas CPIs... quem sabe eliminamos o Congresso para facilitar-lhe a vida e vemos como Lula promove o espetáculo do crescimento Waldomiriano-Dirceuzístico.
...você se depara com o Ministério Público,...
Este enche o saco mesmo, né? Quem sabe se o PT e o Lula decidissem trabalhar dentro de parâmetros civilizados e legais em lugar de promover a venda desenfreada de favores o Ministério Público não encheria tanto o saco. Talvez seja melhor eliminá-lo também. É isso. Menos um obstáculo para o PT crescer...
...com o Tribunal de Contas da União,...
Está ficando engraçado. O Tribunal de Contas serve para checar as contas. Sem que ninguém olhe as contas do governo o que acontecerá? Cheque em branco para o Lula? É claro que ele quer isso. É mais fácil executar os 'projetos' do PT, com dinheiro dos outros. Sempre usaram dinheiro dos outros. Ou alguém acha que esses canalhas meteram a mão no próprio bolso quando foram fazer shopping de dossiê?
...e com a burocracia que é pertinente à máquina pública do Brasil."
Engraçado, ele se esqueceu de dizer que a imprensa também deve ser eliminada para que o Brasil cresça. Não mencionou a polícia, está bem feliz com a polícia agora que disseram que o Celso Daniel foi morto por um marginalzinho à toa. Falta ver quem matou todas aquelas testemunhas e o legista. Quantas coincidências. É claro que tudo o que ele quer é um governo nazi-petista, clepto-stalinista, cubano-dirceuzista. Sem dúvida.

Mesmo que o presidente fosse retardado é nossa obrigação ouví-lo e discutir o que diz. Eu acho que ele não é. O seu discurso é claro e transparente.


2006-11-24

PTerobrás, o PTerosauro BRasileiro

Muitos milhões de anos atrás, voavam nos céus do que seria o Brasil grandes animais chamados pterosauros. Espertos, ganhavam a vida pescando no nordeste brasileiro. Algum cataclisma global causou a sua extinção total. Talvez esses pobres animais não tenham conseguido se adaptar à mudança de condições ambientais.

Misteriosamente, em pleno século vinte, aparece no Brasil uma besta similar. Similar? Bom, tem umas diferenças... Para começar esta é beeeem maior. A sombra da PTerobrás já cobre o Brasil inteiro, com incursões em países vizinhos. Aquele frágil animal tinha a pele brilhante, enquanto este monstro está sempre sujo de um líquido oleoso preto. O Pterosauro se contentava com uns peixinhos enquanto esta imensa besta precisa de todas as fontes de energia de um país com 200 milhões de habitantes. Tudo isso sem contar que é muito adaptável, tendo crescido sob regimes variados, sempre engordando, sugando as forças de um país que deveria estar se desenvolvendo.

Especialista em simbioses, a PTerobrás tornou-se ultimamente uma espécie de ser híbrido entre sindicalismo e partido político. Isso contribui para a sua adaptabilidade, assim como faz com que este monstrengo fique ainda mais sujo de lama e óleo.

Esta besta está também fadada à extinção. Quando as fontes de energia finalmente secarem, o Brasil tiver quebrado, a PTerobrás deixará de existir. Algum dia, dentro de muitos milhões de anos, talvez alguém encontre os vestígios fossilizados dessa coisa que hoje cobre um país inteiro com sua sombra nefasta.



2006-11-19

A inserção do Brasil no século 21

O século 21 começou de uma maneira inesperada. O "Bug do Milênio" relembrou a nossa total dependência da tecnologia. Pouco depois, religiosos fanáticos usaram tecnologia desenvolvida para uso pacífico para destruir edifícios. Estes mesmos religiosos primitivos não tiveram dificuldade em detonar, com pouquíssimo dinheiro, milhares de vidas e bilhões em patrimônio.

Os governos de todo o mundo mobilizam-se para cortar as fontes de financiamento destes radicais. O sistema financeiro internacional agora registra cada transação, procurando sinais de financiamento a terroristas. Estes utilizavam maciçamente os recursos de "caridades islâmicas" que, em vez de comprar alimento ou roupas, compravam fuzis e foguetes. O cerco aperta e os radicais tem que descobrir outras maneiras de transportar o dinheiro.

Apesar do Brasil ter contribuído com poucas invenções no século 20 (lembrem-se que Santos Dumont era muito mais francês que brasileiro), o século 21 promete utilizar artifícios engenhosos desenvolvidos por certos grupos de pessoas (ou raças). No Brasil existe uma raça que, desde os anos 80, precisou fazer incríveis malabarismos para transportar dinheiro vindo de sindicatos alemães, através de "obras de caridade cristãs". Este dinheiro servia para aparelhar sindicatos, pagar salários de militantes com o único objetivo de tornar o país menos competitivo e atrair menos investimento. A justificativa era "aumentar os salários dos trabalhadô". Só os salários dos que já ganhavam bastante para padrões brasileiros foram aumentados, ao mesmo tempo que o crescimento da economia era tolhido. Sofisticadas técnicas de transporte de numerário não contabilizado foram desenvolvidas, culminando com a cueca recheada. O pessoal da Al Qaeda já está de olho nestas novidades tecnológicas, e doravante evitará usar transferências eletrônicas em favor desta invenção brasileira. Muitas vidas de militantes islâmicos que se arriscam levando malas com dólares serão poupadas, e muitos mais homens-bomba estarão disponíveis para a causa islâmica. Um progresso, certamente.

A arte da manipulação financeira é antiga e sofisticada. Entretanto, o alvorecer deste século viu uma novidade nunca antes pensada: o cartão de crédito corporativo da presidência da república. Este instrumento financeiro já movimenta dezenas de milhões e encontra-se em franco crescimento. Gastos secretos como a compra de milhões de lanches para encher manifestações de miseráveis constituem uma inovação sem par na história econômica mundial. Prevejo que os gastos secretos do cartão corporativo vão atingir bilhões até o fim do mandato. No mundo islâmico é difícil recrutar muita gente para manifestações antiamericanas. Se o Al-Qaeda instituir o cartão corporativo secreto, lanches poderão ser comprados e manifestações monumentais serão possíveis, de uma hora para a outra, fora de Mecca.

Uma forma dessa raça transferir recursos é a compra de milhões de dólares em papel higiênico ou cartuchos de impressora. Notas frias são geradas a partir de empresas comerciais fantasmas. O dinheiro pago pode ser cash ou compras via cartão corporativo. Quando alguém pensar em fiscalizar quem vendeu, vai dar em um número inexistente de uma rua ou uma favela. Em Gaza militantes já estão abrindo empresas fantasmas deste tipo para a venda de burqas, que serão comprados aos milhões por governos islâmicos. Claro que em vez de burqas, o dinheiro irá para armamentos.

Outra invenção brasileira que revolucionará o mundo é a justiça brasileira. Basicamente é um tipo de sistema jurídico que tem a vantagem de eliminar completamente os erros judiciais. Isso nunca antes foi conseguido no mundo! No Brasil a justiça não condena ninguém, e se por um acaso condenar, sempre se pode apelar para uma instância superior. Os processos duram anos e anos e na prática não há justiça nenhuma. Isto libera o caminho para que as raças que estão no poder roubem e corrompam sem ter nenhum tipo de receio. Ajuda também as classes menos favorecidas dos assassinos e sequestradores, que podem operar com mais tranquilidade.

Entretanto, a invenção pela qual o Brasil ficará famoso mundialmente é o sistema pseudo-comunista, que alguns já chamam clepto-stalinismo, desenvolvido por fantástica engenharia partidária em porões cheios de aloprados, assim como em universidades de fachada tropicais. O clepto-stalinismo não repete o erro fundamental dos soviéticos, que foi o de valorizar a educação. Tornando a educação compulsória, os pobres soviéticos tinham que usar a cabeça para aprender ciências, por exemplo. Infelizmente o desenvolvimento do raciocínio lógico levava-os a questionar o regime, que se via obrigado a... cortar-lhes a cabeça. No clepto-stalinismo bananão, a educação básica será totalmente anulada, o índice de analfabetismo subirá às alturas. É sabido que a alfabetização torna um povo mais indócil, de modo que o estudo jamais será prioridade. Para sabotar o pouco de inteligência que resta, militantes ignorantes serão plantados nas universidades para garantir que ninguém tenha que pensar. "Pensar dá dor de cabeça" será o novo slogan. O erro dos soviéticos será corrigido. Os insurgentes não precisarão ser perseguidos: simplesmente ninguém os entenderá.

O uso conjunto dessas maravilhosas invenções brasileiras possibilitará à raça que está no poder o desvio de dinheiro de qualquer origem. Se algum assunto chegar à justiça nunca haverá nenhuma condenação. O uso do dinheiro para subornar miseráveis não terá nenhuma contestação: trata-se apenas de caridade oficial. Se o mundo prestar atenção ao Brasil, o século 21 promete inovações incríveis. O burqa recheado com dólares será somente o começo. Inch'Allah!


2006-11-18

O selo de qualidade

Quando alguém cria um logotipo ou um símbolo qualquer, a intenção é que esse símbolo seja associado com alguma característica do produto representado. Se uma firma costuma vender, vamos dizer, leite estragado, o símbolo que identifica esse produto vai gerar uma reação negativa na mente do consumidor. O melhor que o fabricante pode fazer é mudar o símbolo, o nome da empresa, quebrar a associação. Só os muito incompetentes não o fazem. Esperam que a imagem da empresa mude, que o leite melhore no futuro e que os consumidores voltem a comprar a marca antiga. Ainda bem que no mundo capitalista os consumidores tem escolha. Podem e devem mandar quem fornece leite estragado para o limbo.

Existe um caso de governo estragado que insiste em um símbolo: milhões foram assassinados na China. Perseguidos por expressar opiniões na Rússia soviética. Mortos em campos de concentração na Sibéria. Miséria e fome em Cuba. Mas alguns turrões insistem em usar o mesma marca registrada.

O logotipo dessa raça já está inspirando mais gente. Leia "A invasão do planeta Trambik" (clique aqui). Lugar de leite estragado é no ralo.

Uma tarefa para o leitor: ache o logotipo e os responsáveis pelas desgraças. Diga então, com as suas próprias palavras, o que esta figura geométrica evoca em você.







2006-11-17

Boris

A primeira vez que vi Boris foi na Califórnia. Russo jovem mas sisudo, era difícil extrair-lhe um sorriso. Consegui finalmente quando eu disse que adorava umas peças de Skryabin... Ele ficou me olhando por um momento e disse:

"Você é mesmo diferente..."

Tínhamos em comum o gosto por eletrônica. Quando a conversa ia para qualquer lado político, ele se fechava imediatamente. Não faz falta dizer que isso me intrigava muitíssimo... claro que eu sabia a razão pela qual ele não queria mencionar nada político: gerações foram massacradas na Rússia simplesmente por expressar uma opinião. O mais seguro para um russo é sempre manter a boca fechada. Quando isso não é possível, é melhor falar por enigmas ou usar expressões ambíguas.

Recentemente tinha havido a "Perestroika", a Rússia parecia estar indo em direção à economia de mercado, começava a atrair investimentos de fora. Eu achava que o futuro da Rússia era brilhante, por que não? Quando mencionei isso Boris disse, em tom cinzento:

"Zappi, você não faz a mínima idéia..."

Não consegui extrair mais nada dele, mas hoje entendo bem o que ele quis dizer. Em um país onde empreender era proibido e constituía crime por muitas gerações, não haveria ninguém que tomasse as rédeas. O conceito de mercado não existia, as pessoas entendiam que que tudo teria que ser feito de graça para a "Mãe Rússia". O orgulho e o patriotismo dogmáticos não poderiam ceder lugar ao raciocínio inteligente de uma hora para a outra. A economia russa foi dominada pelas máfias infiltradas no governo e Gorbachev foi condenado ao ostracismo interno.

Um país gigantesco, com domínio de avançadas tecnologias, o primeiro a colocar um homem no espaço, foi reduzido a um aglomerado pobre cuja população tem que sobreviver a invernos rigorosíssimos a níveis de renda brasileiros. A opressão continua. Assassinatos políticos são comuns (clique aqui). Uma vez que a mentalidade absolutista se instala, ela é muito difícil de vencer.

Boris tinha toda a razão.

2006-11-15

A escalabilidade do trambique

Em jargão industrial diz-se que um processo é "escalável" quando a partir de um volume menor, aumentando-se a fábrica pode-se aumentar a produção proporcionalmente, sem aumentar os custos. Em geral, em processos escaláveis consegue-se uma "economia de escala", tornando a produção mais eficientee quando se processam maiores volumes.

Infelizmente os trambiques são escaláveis. O malandro começa com uma "esperteza" pequena, nada acontece, e com a experiência que adquire tenta uma malandragem mais volumosa. Assim, pode-se ir crescendo, crescendo... o céu é o limite. Em uma estrutura corrupta chega-se ao ponto de inserir os trambiques na constituição federal (adivinhem de que lugar falo) para consolidar o privilégio.

Há um contraste impressionante com o tremendo esforço individual para se superar. Quando conseguimos algo realmente fantástico é normalmente muito difícil subir um estágio e conseguir algo ainda melhor. Assim, só como exemplo, Isaac Newton encontrou sua glória nos Principia, Albert Einstein com a sua relatividade restrita e Charles Darwin com sua teoria da evolução. Todas essas realizações aconteceram quando os autores eram jovens e todos passaram o resto de suas vidas tentando superar seus próprios marcos, sem sucesso. Definitivamente, as conquistas intelectuais não são escaláveis.

A melhor maneira de fazer com que trambiques não sejam escaláveis é coibí-los na fase experimental. Quando crescem muito é quase impossível parar a avalanche que desencadeiam.

2006-11-13

Outra trilogia

Confesso: tenho uma predileção especial por trilogias. Como em "Os três votos de Lula" (aqui), ou em "Três verdades perigosas" (aqui). Decidi escrever outra, onde mostro que no Brasil não há Democracia, Capitalismo e Liberdade. Leia aqui.

Ilhas de excelência

Fonte: Economist


Este gráfico mostra o produto interno bruto, por habitante, ajustado pelo poder de compra de diversos países. O Brasil está em verde, derrapando. Deverá ser superado pela China em uns poucos anos. Lembrem-se que este é o cálculo por habitante. Isso significará que cada chinês será em média mais rico do que cada brasileiro... Mas nem tudo está perdido. Apesar da economia como um todo estar estagnada, existem setores da economia indo muito bem. Veja o próximo gráfico:

Fonte: Veja


Essa "Matisse" é uma empresa de publicidade. Que bom, né? Alguns publicitários estão indo bem no Brasil, apesar da má fama que tipos nefastos como Marcos Valério e Duda Mendonça emprestaram à categoria.

Ooops... Os donos da Matisse são sócios do filho de Lula na Gamecorp. E a Matisse fatura verba da presidência... Coincidência, né?

Só pode ser coincidência. Ninguém tem o direito de suspeitar de nada. A publicidade federal é uma ilha de excelência em um país que não tem do que se gabar.


2006-11-12

Insônia e scones

Meu pai dizia que sofria de insônia. Eu nunca sabia se ele estava brincando. É que eu nunca conheci alguém que tivesse tal facilidade para dormir. Quando estava cansado, acomodava-se, e em menos de um minuto estava dormindo. Era incrível ele dizer que tinha algum problema de sono...

Não me continha e perguntava, rindo:

"Insônia, você?"

"Todas as manhãs acordo às 5 da manhã e não consigo voltar a dormir."

"Mas a que horas você vai dormir?"

"Às dez."

"Por que não vai dormir mais tarde?"

"Não consigo. Às dez já estou cansado e quero dormir."

Não posso chamar de insônia o que meu pai tinha. Ele ia dormir com os passarinhos e com eles acordava. Nas manhãs silenciosas, ouvia-se muitas vezes o canto dos sabiás. Meu pai aproveitava esse horário especial para ler, estudar, fazer café da manhã, planejar o dia. Ele costumava fazer scones, que eu comia ainda quentinhos no café. Sempre ajustava o método, cada vez os fazia mais depressa e melhor. Modificava as proporções dos ingredientes, sempre experimentando... Coisa de químico...

Quando me mudei para a Austrália, quase em choque notei que há scones em quase todos os cafés. Claro, é uma receita inglesa. Nenhum, naturalmente, tinha o sabor dos do meu pai. Uma tarde, quando não havia ninguém em casa, decidi fazê-los, de acordo com a receita original que eu tinha daquela época, mais de 20 anos atrás. Até que não foi tão difícil... estes tem um sabor mais parecido, mas ainda falta algo. Meu pai sempre dizia que é necessário fazer a mesma receita 4 ou 5 vezes para realmente ter controle do que está acontecendo.

"Mesmo que a gente acerte na primeira, antes de repetir várias vezes não sabemos nada."

Fiz um café, enquanto saboreava os scones sozinho, pensativo. Um pássaro começa a cantar. Soava quase igual a um sabiá. Aqui em Melbourne? Era um "Blackbird" (Turdus merula), um pássaro europeu que é parente próximo do brasileiro (Turdus rufiventris). Os blackbirds entretanto não cantam só de madrugada, cantam o dia inteiro.

Fiquei quieto por um momento. Misteriosamente fui levado àquelas manhãs silenciosas de tanto tempo atrás. Eu saboreava cuidadosamente esse instante.

"Preciso aperfeiçoar os meus scones" - pensei.

2006-11-11

O blog do Zappi pergunta, a Aeronáutica responde

Em um post anterior (cabeça no travesseiro, clique aqui) perguntei qual seria o nível de Inglês exigido dos controladores de vôo da Lulândia e, para minha surpresa, a Aeronáutica me responde aqui. Fiquei impressionado. O que mais me impressionou não é o fato de que só 3% sabem um pouco de Inglês, mas o fato de que só em 2008 é que vão começar a exigir um nível melhor. Mudem logo o nome para Lulândia, vai...

2006-11-10

O Brasil não é capitalista

Já expliquei aqui porque o Brasil não é uma democracia. Resumindo: o mau funcionamento do sistema legal faz com que todo o sistema democrático esteja subvertido.

Por motivos parecidos, o capitalismo também não funciona no Brasil. Os contratos que não são cumpridos não podem ser rapidamente executados, o que faz com que se utilizem métodos alternativos de compensação dos agentes, complicando as transações enormemente. Por outro lado, setores inteiros da economia são regulados de forma maciça pelo Estado, a ponto de coibir a competição. Todo o setor energético está estatizado, de modo que todo insumo de energia passa pelo crivo de um estado que não é democrático e cuja corrupção é norma e não exceção.

De uma maneira ainda mais perniciosa, a propriedade privada não é defendida adequadamente pelo sistema legal. As raízes disso estão profundamente enterradas no inconsciente coletivo brasileiro. O lucro é visto como algo sujo, ilegal e imoral. A melhor maneira de destruir a imagem de um político é fotografá-lo com uma montanha de dinheiro. O brasileiro fica horrorizado, não por causa da forma ilícita pela qual o dinheiro foi conseguido, mas pelo dinheiro em si. É uma distorção profunda: na mente do brasileiro todo acúmulo de capital só é possível por vias ilegais ou imorais. A palavra "empresário" já é sinônimo de ladrão, graças a essa mentalidade prevalescente. Chega ao ponto de crimes cometidos contra ricos serem encarados como uma forma de distribuição de renda: do rico para o ladrão pobre. Qualquer seqüestro é visto como um fato normal: "Ah, mas ele era rico, não era?"

Também está claro, no inconsciente coletivo brasileiro, que é perfeitamente normal tirar terras dos ricos para dar para os auto-denominados "sem terra", assim como dar teto para os "sem teto" e assim por diante. O que não é compreendido por quase ningúem é que estas 'organizações' se aproveitam desses conceitos para faturar dinheiro do governo. Elas não são legítimas, mas quem se importa? Estão tirando dos que tem muito...

Da mesma forma, e pelo fato do sistema legal ser tão deficiente, qualquer bem comum é sistematicamente usurpado. Ninguém nem pisca quando alguém rouba dinheiro do Estado. Afinal, esse tal de "Estado" tem muito, não tem?

O choque maior vem quando se consideram investimentos estrangeiros ou investimentos de brasileiros no exterior. Apesar de permitidos, a parafernália necessária para evitar que "as riquezas brasileiras sejam roubadas" é realmente impressionante. Até pouco tempo atrás, um estrangeiro voltando para seu país não podia usar os reais que tinham sobrado na viagem para comprar novamente dólares. Isto se deve provavelmente aos mecanismos de controle do Banco Central... façam-me o favor.

O Brasil não é capitalista devido à mentalidade de seu povo. Mesmo em países decididamente comunistas nos anos 80 o tratamento dado ao capital era mais respeitoso que o tupiniquim. Não é à toa que o Brasil não consegue atrair investimentos, exceto nos casos em que o governo literalmente suborna investidores com juros obscenos.

Só falta um pouquinho para que o sonho dos trotskistas brasileiros se torne realidade. Se houver uma estatização em massa dos meios de produção, ninguém levantará a sobrancelha. Há perigo até dos brasileiros comemorarem. Por acaso alguém reagiu quando o Collor fez o confisco? Só falta um peteleco para o Brasil virar Cuba de vez.

Continua aqui.


2006-11-08

Buscas na rede - O prazer da descoberta

Aproveitando que já tenho uma audiência maior, posso informar aos meus leitores o que as pessoas que acabam caindo no meu blog estavam procurando... essas buscas são um mistério profundo para mim.

O campeão absoluto é Tarso Genro e suas poesias 'eróticas' (clique aqui) com espantosos 21% das buscas. O cara está tendo um ibope danado com as porcarias que escreveu...

Em segundo lugar, com impressionantes 17%, procurando saber a respeito de "tolerância" e "preconceito". Parece que as pessoas estão tentando entender estes termos, utilizados de maneira tão ardilosa pelos petralhas. A confusão mental e moral que eles causam não parece ter limites...

Empatados com 7% estão o correspondente da Economist, Melbourne, e gente procurando saber algo de música clássica... Viram? O mundo não está totalmente perdido ainda. Aí, na lanterninha, com uns 2% das buscas estão o Feynman, Sir Isaac Newton e.... Mafalda.

Tem também alguém querendo saber se os presos tem ou não direito de fugir, quais os países com ditadura (!), e um fascinante: "O que tem no Animal Farm que não tem no Revolução dos Bichos". Será que ele acha que omitiram algo na tradução? Haja teoria conspiratória...

Como estou meio farto de falar de gente ruim, vou indicar uma excelente conversa com Feynman (em inglês). Ele fala da beleza poética e da beleza científica, do pai e de como aprendeu dele que simplesmente saber o nome das coisas não é compreender o mundo. Fala também da bomba atômica e várias anedotas, inclusive de Física Teórica. O vídeo é delicioso, dura uns 40 minutos e recomendo especialmente aos controladores de vôo: pode ajudá-los a entender um pouco mais de Inglês. Se os petralhas quiserem também podem ver. Ah... esqueci que eles são contra a língua inglesa... Com vocês, Feyman em "The pleasure of finding things out". Have fun!





2006-11-05

Liberdade? Que liberdade?

Em todo o mundo utiliza-se a pena de privação de liberdade para bandidos perigosos, assaltantes, assassinos. O motivo é poupar as pessoas decentes do convívio com bandidos. Priva-se a liberdade dos maus para os bons poderem viver tranquilos. Certo? Errado.

Um novo sistema foi inventado no Bananão: não se prende ninguém, e quando se prende, solta-se rapidinho. Isso faz com que erros judiciais tenham um custo baixíssimo para o injustiçado. E todo condenado é tratado como injustiçado.
Como os bandidos ficam soltos, é então necessário monitorar todo mundo... o que causa uma outra injustiça: a liberdade de todo mundo é comprometida pelos trambiques de poucos, que por sinal estão até no governo, certo?

Aí a sociedade reage, se proteje: as vendas de carros blindados, sistemas de segurança, cameras de vídeo explodem. Não serve para muito: os maravilhosos tribunais bananeiros não estão absolutamente interessados em condenar bandidos, mas em cercear liberdade dos que não são. Só para confirmar, o presidente da república inocenta bandidos diáriamente, ora chamando crimes de "erros" ou bandidos de "aloprados" ou ainda dizendo que os presos estão presos por conta da falta de oportunidade que tiveram na vida. Não é à toa que o PCC votou em massa no Lula.

Na falta de democracia, capitalismo ou liberdade, há um elemento comum. A justiça não funciona. Aparentemente o sistema pode ser consertado, colocando em um presídio de segurança máxima aqueles gatos pingados que mais trabalham para subvertê-lo. Afinal é a liberdade de milhões que está em jogo.



Teste: Que figura geométrica aparece nas três imagens abaixo?


2006-11-03

A cabeça no travesseiro

Um belo avião, um Airbus moderníssimo. Longa viagem, video para passar o tempo. Vários filmes bobos, um canal com 'pegadinhas' de uma emissora canadense. Estou cansado, quero dormir. O canal de áudio de música clássica volta ao início depois de duas horas, não quero ficar ouvindo tudo repetido... lembro de um vôo para a Europa, quando tinha 17 anos, a "overture 1812" repetiu os tiros de canhão tantas vezes...

O piloto avisa: o canal 14 transmite as comunicações de rádio. Boa! Quem sabe me ajuda a descansar. Sintonizo e ouço o silêncio. Mas não era um silêncio imediato entretanto, de um rádio desligado. Era o silêncio do vazio, da imensidão que separa o avião da torre ou de outro avião. Muito raramente, fala uma voz com alguma estática, alguém responde. Uma gíria desconhecida, uma forma de falar que me parecia estranha no início. Aos poucos ia me acostumando e entendendo mais: estes éramos nós, esses eram da torre de Los Angeles. Esses eram de outro vôo, falando com a torre. Mais fraco: provavelmente mais distante. Às vezes ouvia-se somente a torre de controle, eu adivinhava a resposta de um vôo longínquo.

Os longos silêncios nos remetiam a essa noite estranha, a esses espaços imensos. Imprevisíveis, as conversas vinham, entrecortadas, quase nos dizendo onde estavam, eu quase as localizava em uma tela de radar à medida que adormecia. Os aviões estavam conectados a essa malha maravilhosa de ondas de rádio. As conversas eram curtas e precisas: uma pergunta, uma resposta, um agradecimento. Via os maravilhosos painéis iluminados na noite que era impenetrável para os olhos, mas transparente para o rádio. Muitas décadas de tecnologia seguravam essa imensa máquina no ar, enquanto os passageiros assistiam vídeos idiotas.

Um silêncio mais longo me garantiu que voávamos sobre território despovoado, talvez o oceano, talvez uma extensa floresta, a cada hora percorríamos mil quilômetros. Então algo diferente aconteceu: uma conversa distante, mas, surpreendentemente em Português. Por quê? Passamos pelo México, América Central, todos países de fala hispana e todas as comunicações eram em perfeito e impecável Inglês. O nosso comandante, eu já lhe reconhecia a voz, se dirige a um controlador... uma pausa mais longa. Alguém pede para repetir, com forte sotaque brasileiro, não parece ter entendido. O comandante, paciente e seguro, repete devagar. O brasileiro responde, em Inglês.

Pensei que, de repente, as comunicações ficaram mais difíceis. O piloto americano tinha dificuldade em falar com o brasileiro da torre. As conversas entre torre e outros pilotos continuavam, profusas, em Português, imperscrutável para o nosso comandante. Será que esses atrasos e mal-entendidos não seriam perigosos? Quanto significariam esses dez segundos a mais que os controladores levavam para entender Inglês? Fiz as contas mentalmente...dez segundos... mil quilômetros por hora, trezentos metros por segundo... uns três quilômetros. Considerando que outro vôo podia vir em direção contrária, três vezes dois... 6 quilômetros.

Dez segundos de atraso significam 6 quilômetros em um choque entre aviões. Pensei na tecnologia envolvida nos aviões, e como esta está comprometida por alguém que não aprende nem Inglês, a língua universal do espaço aéreo. Pensei que o Brasil não exige Inglês nem para o serviço diplomático, qual será o nível exigido dos controladores de vôo?

Não me preocupei. Apesar desse atraso de dez segundos, senti confiança em meu piloto. Ele parecia saber do problema e sua voz nem se alterou. Os equipamentos de segurança nos protegeriam da ignorância, pensei. Apoiei a cabeça no travesseiro e adormeci.

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2006-11-01

Vamos chamar cada coisa pelo seu nome?

Ah, que bonita a festa democrática! O povo, pobre mas feliz, elege um presidente que adora "cuidar de pobre, porque pobre não dá trabalho nenhum". É tanta a beleza da democracia brasileira que revistas internacionais proclamam: é re-eleito Lula, para alegria dos pobres!

Que bom, né? Ah, mas tem um pobreminha. Justo agora que o Lula ia livrar o pobre da miséria, veio os burgueis pra impidir. Alegria de pobre dura pouco... 'Xa o homi trabalhá!

Cuidar de pobre é mais fácil mesmo. Pobre, bem pobre mesmo, não lê jornal. Jornal é caro e tá cheio de letrinha. O Lula sabe disso. A idéia é alfabetizar o pessoal com panfleto da CUT, assim eles não recebem má influência de "certas revista".

Mas os burguês tá em polvorosa. "Certas revista" falou que o Lula robô uns bilhão do fundo de pensão (sei lá o que é isso). Colocô trinta mil companhêro pra ganhá sem fazê nada e que custa oitocento milhão pro contribuinte (contri o que?). Ixi, "certas revista" falô também que veio grana de Cuba e que teve um mensarão. Falô lá um treco do lulinha que fez alguma coisa no zoológico e dispois ganhô uns milhão.

Não dá mais. "Certas revista" tem que mudá. O Lula tem mais que mandá a Polícia Federal dá uns apertão nos caras. Tem essa outra, Cara Capital, ou Carta aos Amigos que faiz tudo direitinho, né? Qual é a da "certas revista" afinal?

Tanta gente boa, os Paulo Henrique Amorins... tudo legal com ele. Ta filiz, o bicho... Pareci inté passarinho nenen quando a mãe vem trazê minhoca. Tá certo, joga o pessoal da "certa rivista" no xadrez. Eles só azucrina o homi, coitado. 'Xa o homi trabalhá!

O caldo inda não intornou. O homi ainda é presidente. Bota os burguês prá corrê com a Polícia, MST, PCC o escambau. Vai dá tudo certo. O homi falô que Cuba é que é legal, lá num tem mais burguês. Falô que Venezuela tem democracia até demais. Falô também que o Chile, não. O Chile é uma merda.